SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esteve em Manaus neste domingo (17), naquela que foi, segundo a Casa Branca, a primeira visita oficial de um líder americano em exercício à floresta amazônica.
O democrata sobrevoou a região de helicóptero e discursou à imprensa no Musa (Museu da Amazônia). Além de funcionários do governo dos EUA, ele foi acompanhado por cientistas e lideranças indígenas do Brasil, com quem posou para fotos.
A passagem pelo norte do Brasil antecedeu a 19ª Cúpula de Chefes de Estado do G20, grupo das maiores economias do mundo, que ocorre na cidade do Rio de Janeiro nesta segunda (18) e nesta terça (19).
Na imagem que registra o encontro no Musa, Biden está ladeado por Altaci Kokama (à esquerda) e Kelliane Wapichana (à direita).
Professora do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, Altaci é a primeira representante dos povos originários a compor o quadro docente da instituição. A pesquisadora, nascida em Santo Antônio do Içá (AM), atua também como coordenadora-geral de Articulação de Políticas Educacionais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas.
Liderança do movimento feminino e gestora territorial, Kelliane Wapichana chefia a secretaria do Movimento de Mulheres Indígenas do Conselho Indígena de Roraima, que representa 465 comunidades no estado.
Também acompanhou a visita Simone Xerente, brigadista do povo xerente que integra uma brigada de combate a incêndios florestais exclusivamente feminina. O grupo é apoiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) e o Serviço Florestal norte-americano.
Durante o sobrevoo da amazônia e no museu, Biden conversou com o cientista Carlos Nobre, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP (Universidade de São Paulo), que também aparece na foto.
Conhecido mundialmente por seus estudos sobre a região, o climatologista lidera pesquisas sobre os impactos climáticos do desmatamento. Foi um dos autores do quarto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), entidade que recebeu o Nobel da Paz em 2007.
No Musa, o presidente dos Estados Unidos foi recebido, ainda, pelo diretor-geral da instituição, o arqueólogo Filippo Stampanoni, e pelo diretor do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Henrique dos Santos Pereira.
Italiano, Stampanoni fez seu doutorado na USP, pesquisando populações amazônicas pré-coloniais. Já Pereira é agrônomo, tem atuação na área de gestão ambiental pública e é professor do Departamento de Ciências Fundamentais e Desenvolvimento Agrícola da Universidade Federal do Amazonas.
Por fim, integraram a recepção a pesquisadora Camila Ribas, curadora de coleções científicas do Inpa, e Peter Fernandez, americano e CEO da startup Mombak. A empresa, que vende créditos de carbono gerados na Amazônia, receberá um aporte de US$ 37,5 milhões da instituição financeira americana DFC para um projeto de reflorestamento.
Na visita a Manaus, a comitiva oficial de Biden foi composta pela embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, pelo secretário de Estado, Antony Blinken, o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, o enviado especial para o clima, John Podesta, e o conselheiro presidencial para as Américas, Chris Dodd.
Da família de Biden, participaram a filha Ashley Biden e a neta Natalie Biden.
Na chegada ao Amazonas, Biden foi recepcionado no aeroporto por Bagley, pelo governador do estado, Wilson Lima (União Brasil), pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e pela chefe do escritório da representação do Itamaraty na região Norte, Maria Deize Camilo Jorge.
FUNDO AMAZÔNIA
Marcando a ocasião, o governo americano anunciou que o país vai doar mais US$ 50 milhões (R$ 289,5 milhões) ao Fundo Amazônia, destinado à conservação da floresta no Brasil.
O comunicado deste domingo afirma que o novo aporte “elevará as contribuições totais dos EUA para o Fundo Amazônia para US$ 100 milhões”, mas que está sujeito à aprovação do Congresso.
Até agora, o governo já depositou no fundo US$ 3 milhões (R$ 14,9 milhões, na cotação à época), em dezembro de 2023, e US$ 47 milhões (R$ 256,9 milhões), em agosto de 2024, segundo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do mecanismo.
Redação / Folhapress