RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os países do G20 deram maior ênfase às crises no Oriente Médio do que à guerra na Ucrânia na declaração de líderes que está sendo negociada entre as maiores economias desenvolvidas e emergentes.
De acordo com uma versão do documento obtida pela Folha, o grupo neste ano presidido pelo Brasil destacam o imenso sofrimento humano e os impactos adversos causadas por guerras e conflitos ao redor do mundo.
Dizem ainda que existe uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e citam a escalada no Líbano. Em outro trecho, enfatizam a necessidade urgente de se aumentar o fluxo da assistência humanitária para a proteção de civis.
Apesar de ressaltar as consequências da guerra, Israel não é apontado no texto como o responsável pela situação de crise humanitária a menção nesse sentido a Tel Aviv poderia gerar um veto dos Estados Unidos.
“Afirmando o direito palestino da autodeterminaçao, nós reiteramos nosso compromisso inabalável com uma solução de dois Estados em que Israel e um Estado Palestino convivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com a lei internacional e resoluções relevantes da ONU”, diz o documento.
O texto do G20 ainda apoia uma cessar-fogo abrangente em Gaza e no Líbano.
A inclusão da crise humanitária em Gaza era uma exigência de Brasil, países árabes e outras nações em desenvolvimento, como a África do Sul.
Países do G7, por outro lado, pressionaram para que a Guerra da Ucrânia recebesse o mesmo tratamento.
Na queda de braço, os emergentes prevaleceram. A declaração dedica 25 linhas ao conflito de Gaza. Já a Ucrânia recebe 14 linhas na atual mas um parágrafo sem menção específica ao conflito rechaçando uso de armas nucleares.
O líder russo Vladimir Putin ameaçou usar armamentos nucleares contra a Ucrânia.
Na cúpula do G20 em Delhi, no ano passado, a declaração dedicou 4 parágrafos ao conflito na Ucrânia, em um total de 28 linhas. A guerra em Gaza ainda não havia eclodido.
A declaração deste ano é muito mais amena em relação à Rússia ao contrário de Delhi, não menciona o nome do país no contexto do conflito na Ucrânia. No ano passado, havia também condenação a ataques contra infraestrutura, ao contrário deste ano.
No texto atual obtido pela Folha, os membros do G20 ressaltam o sofrimento humano da guerra da Ucrânia e os impactos negativos do conflito nas cadeias de suprimento e na estabilidade financeira, na inflação e no crescimento dos países.
Também diz que são bem-vindas as iniciativas relevantes e construtivas para uma paz duradoura no Leste da Europa que levem em conta os princípios das Nações Unidas para a promoção das relações amigáveis entre os países.
RICARDO DELLA COLETTA E PATRÍCIA CAMPOS MELLO / Folhapress