SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Faculdade de Direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) instaurou nesta segunda-feira (18) uma comissão para decidir pela expulsão ou não dos estudantes gravados ofendendo alunos da USP (Universidade de São Paulo). O processo deve ser encerrado em 40 dias.
Os fatos, para a gestão da faculdade, são graves. Porém, todos os envolvidos poderão apresentar ampla defesa, disse seu diretor, Vidal Serrano Nunes Júnior, à Folha.
Estudantes na torcida do curso de direito da PUC foram filmados gritando termos como “cotista” e “pobre” para ofender alunos da USP durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos estaduais no último sábado (16).
A Faculdade de Direito, em nota, se comprometeu a responsabilizar os envolvidos de maneira “justa e exemplar”. “Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas historicamente defendidos por nossa instituição”, disse o texto.
Um vídeo do momento de provocação mostra algumas pessoas na torcida do direito da PUC gritando os termos, enquanto fazem gestos remetendo a contagem de dinheiro e proferem xingamentos. O mesmo vídeo, publicado em rede social pela Bancada Feminista do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo, também mostra a reprovação de estudantes do Largo São Francisco.
O centro acadêmico XI de Agosto, do direito da USP, classificou as provocações como racistas e aporofóbicas (termo que indica aversão a pessoas pobres) e exigiu que a organização dos Jogos Jurídicos Estaduais puna o ato e as pessoas diretamente envolvidas.
“É nas academias de direito que se formam os profissionais que deveriam operar contra as injustiças, injúrias e preconceitos de classe e raciais”, ressaltou o centro acadêmico. “Atos como esses explicitam a violência que estudantes cotistas enfrentam ao ocupar espaços que historicamente lhes foram negados.”
A Associação Atlética Acadêmica 22 de Agosto, da PUC-SP, também veio a público para repudiar o caso. A entidade afirma que ajudou a identificar os estudantes que fizeram as ofensas, e os proibiu de acessar tanto partidas quanto festas dos Jogos Jurídicos. A associação também se comprometeu a “comunicar o ocorrido e solicitar que sejam tomadas as providências cabíveis no âmbito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo”.
O escritório Pinheiro Neto Advogados demitiu a estudante de direito da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Tatiane Joseph Khoury, 20, que apareceu proferindo ofensas em uma das gravações. Um segundo escritório, o Castro Barros Advogados, também confirmou a demissão de um estagiário envolvido nos xingamentos, Arthur Martins Henry. As informações são da coluna Mônica Bergamo, que, até a publicação, não conseguiu falar com estudantes.
BRUNO LUCCA / Folhapress