BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu e cumprimentou na manhã desta segunda-feira (18) os líderes estrangeiros que participam da cúpula do G20, no Rio de Janeiro. Ao lado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, ele saudou o primeiro a chegar às reuniões desta segunda, o secretário-geral da ONU, António Guterres.
A solenidade teve um grande momento de desconforto, durante a chegada do presidente argentino ultraliberal Javier Milei. O aperto de mão entre os dois foi frio e totalmente formal. Não houve descontração como com outros líderes, incluindo conservadores, como a italiana Giorgia Meloni. Milei subiu a rampa acompanhado pela irmã, Karina, figura-chave em seu governo.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não seguiu o protocolo para cumprimentar Lula na chegada para a abertura da cúpula do G20. O americano, de 81 anos, não subiu a rampa do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, por onde todos os demais chefes de Estado passaram. Ele subiu de elevador.
O Brasil ocupa neste ano a presidência do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e a União Africana.
A estimativa do governo brasileiro era que 55 chefes de Estado ou representantes de organizações internacionais viessem ao Rio de Janeiro para a cúpula, realizada no Museu de Arte Moderna.
Estão no Rio líderes como Xi Jinping (China), Joe Biden (Estados Unidos), Emmanuel Macron (França), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia) e Javier Milei (Argentina).
Um dos cumprimentos mais efusivos se deu com o francês Macron, com quem o governo Lula vem mantendo uma proximidade no contexto geopolítico, apesar de divergências na negociação sobre o acordo entre a União Europeia e Mercosul.
O protocolo estabelecido para a cerimônia previa que a primeira-dama apenas acompanharia Lula nos cumprimentos aos chefes de governo que estavam acompanhados de seus cônjuges. No entanto, com Macron, o presidente brasileiro decidiu chamar Janja para também participar. Ela, no entanto, deixou o local para a foto oficial.
Os líderes do G20 chegaram à cúpula final do bloco em meio a difíceis negociações entre os países para a divulgação do tradicional comunicado conjunto. Os principais obstáculos eram as guerras na Ucrânia e também na Faixa de Gaza.
O conflito no Leste Europeu já era motivo de divergência dentro do bloco, mas a pressão sobre a presidência brasileira aumentou nos últimos dias, com uma nova escala nos atos de violência. A situação levou países europeus a exigirem uma condenação mais firme contra a ação militar da Rússia no documento final.
Nas últimas horas, a Rússia lançou dezenas de mísseis e drones contra a infraestrutura de energia da Ucrânia. O governo do presidente Joe Biden, por sua vez, decidiu permitir que a Ucrânia use armas de longo alcance fornecidas pelos Estados Unidos para atacar o território russo. A decisão marca uma reviravolta na política de Washington no conflito entre Ucrânia e Rússia até aqui.
Além disso, a delegação argentina, orientada por Javier Milei, passou a bloquear vários temas em negociação no âmbito do G20. Havia o risco de que isso barrasse a declaração conjunta, mas Buenos Aires cedeu em partes -não criou mais obstáculos à declaração final, mas assinalou sua discordância em relação a temas como a taxação de super-ricos, combate à desinformação e busca de equidade de gênero.
NATHALIA GARCIA / Folhapress