RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Oito anos após os Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro voltou a receber um evento internacional de grande escala. Os cariocas viram no trânsito e no transporte público o principal impacto do G20, com mudanças de última hora, apesar da preparação com bastante antecedência para receber os chefes de Estado e de governo na cúpula do bloco, que terminou nesta terça-feira (19).
“No planejamento para um evento complexo como o G20, existe uma margem para mudanças. Mas as decisões foram tomadas dentro da premissa de garantir que o evento fosse feito com ordem, com segurança e com um menor nível de impacto possível para o morador da cidade. O balanço até aqui é positivo”, afirma o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale.
Mesmo o tempo, que estava chuvoso durante o G20 Social, voltou a melhorar no primeiro dia da reunião dos líderes.
Escapou do planejamento, contudo, o fechamento de cinco estações de metrô. Uruguaiana, Carioca, Cinelândia, Glória e Catete ficaram sem funcionar das 8h às 19h na segunda e terça. O anúncio foi feito na noite de domingo e pegou os usuários de surpresa.
Próximas ao MAM (Museu de Arte Moderna do Rio), prédio que abrigou o encontro dos governantes, as estações Uruguaiana, Carioca e Cinelândia ficam no centro da cidade e estão entre as mais movimentadas pela proximidade com escritórios, comércio e prédios do funcionalismo.
“Precisei gastar duas passagens de ônibus a mais para chegar ao trabalho, já que não foi feriado para o comércio”, disse Lucas Menezes, 25, estoquista de uma loja de calçados no centro.
No informe sobre o fechamento das estações, o MetrôRio afirma que atendeu a pedido das “autoridades de segurança do G20”.
O VLT, que circula no centro, foi outro a mudar na segunda e na terça, com itinerário menor. Também foi de última hora o fechamento da avenida Atlântica, via à beira da praia de Copacabana onde está a maioria dos hotéis com as delegações. As forças de segurança solicitaram no dia 16 a proibição de carros na Atlântica nos dias 17, 18 e 19, das 6h às 18h.
A circulação foi autorizada apenas para os comboios que iam e voltavam do MAM. No plano divulgado pela prefeitura antes do G20, o trânsito na Atlântica teria apenas fechamentos pontuais durante passagem dos comboios. Grades foram colocadas em toda a extensão da orla, a fim de impedir a passagem indevida de pedestres fora da faixa.
As pistas do Aterro do Flamengo também fecharam totalmente para carros nos dias 17, 18 e 19. O parque urbano, o maior da cidade, teve circulação de pedestres sob o crivo de agentes de segurança. Bicicletas e patinetes foram proibidos, e frequentadores precisaram passar por revista de guardas municipais. O veto às bicicletas causou surpresa.
Houve três ocorrências de segurança pública envolvendo o G20: dois veículos oficiais que serviam ao governo federal foram roubados na quinta (14) e no sábado (16) um no centro da cidade, outro em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Os carros foram recuperados.
No domingo (18), uma patrulha do Exército foi alvo de tiros na altura da Cidade de Deus, na zona oeste. Segundo a Força, PMs estavam “sob fogo” quando militares passaram.
Antes do evento, o município estimou em 122,8 mil pessoas o número de participantes diretos da programação do G20 65,8 mil cariocas, 34,1 mil brasileiros de fora do Rio e 22,9 mil estrangeiros. O contingente equivale a 1,5 vez a capacidade do estádio do Maracanã (78,8 mil).
A prefeitura projetou impacto de R$ 595,3 milhões na economia. O cálculo considera as mais de 130 agendas do evento realizadas de dezembro de 2023 a novembro deste ano.
Os quase R$ 600 milhões somam as despesas operacionais dos eventos (R$ 226,3 milhões), o que inclui infraestrutura, aluguel de espaços e serviços diversos; os gastos dos participantes (R$ 337 milhões); e a reforma do prédio do MAM, que será legado do G20. O museu passou por obras de revitalização custeadas pela prefeitura. O investimento foi de R$ 32 milhões.
YURI EIRAS, LEONARDO VIECELI E ALÉXIA SOUSA / Folhapress