Mudança no CNU custará R$ 4,7 milhões extras e deixará concurso mais disputado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A mudança no CNU (Concurso Nacional Unificado) para corrigir as provas discursivas e redações de mais 32.260 candidatos terá custo adicional de R$ 4,7 milhões -valor que representa cerca de 3,5% do custo total com o concurso, afirmou Alexandre Retamal, coordenador de logística do CNU.

Segundo Retamal, ainda não é possível determinar se as notas de corte aumentarão. As notas individuais de todos os candidatos que já tiveram suas provas corrigidas não mudarão e, para esses casos, será preciso apenas aguardar o resultado final, que foi adiado e será divulgado em 11 de fevereiro.

Todos os participantes já habilitados permanecem na seleção.

O resultado final do concurso foi adiado devido ao acordo fechado entre União, MPF (Ministério Público Federal) e Cesgranrio para cumprir a decisão judicial que mandou cancelar a eliminação de candidatos que não preencheram corretamente a ficha de identificação do cartão de resposta.

Também será feita a correção de provas de mais candidatos negros e alteração no edital para o cargo de analista técnico de políticas sociais.

As novas datas para divulgação de notas preliminares das provas discursivas, redações, os prazos para recursos e envio de títulos valerão apenas para os candidatos que foram incluídos agora na seleção.

“Nós decidimos que vamos divulgar os resultados finais para um número maior de candidatos, mas essas pessoas que estão entrando vão ter as mesmas oportunidades que os outros candidatos”, diz.

O coordenador do CNU afirma que a data-limite para a emissão de títulos a serem enviados continua sendo a mesma prevista anteriormente. Assim, não é possível que os candidatos peçam a emissão de novos documentos para serem incluídos nessa fase da avaliação, fazendo com que todos concorram de igual para igual.

Os resultados do concurso têm validade de 12 meses, que podem ser prorrogados pelo mesmo período, assim, a convocação dos candidatos deve ser feita dentro desse período.

Karoline Busatto, consultora jurídica do MGI, diz que o ministério não acredita na possibilidade do concurso ser cancelado. “O acordo traz mais segurança à continuidade do Concurso Público Nacional Unificado e ele também não atrapalha a possível realização de uma segunda edição”, afirma.

Segundo Karoline, o acordo não atrapalha a realização de uma segunda edição do certame. “[O acordo] traz mais segurança à continuidade do CPNU e não atrapalha em nada uma possível realização de uma segunda edição. Na realidade, tudo é um processo de amadurecimento”, diz.

“Toda política pública passa por esse processo de transformação natural. O Enem foi assim e hoje é um grande programa. Algumas questões já nem se debatem mais, mas levaram anos. Nós que não estamos nesse dia a dia do Enem talvez esqueçamos o tanto que ele já nos deu trabalho dentro da administração pública para chegar numa política tão formatada como é atualmente.”

O QUE ACONTECE COM CANDIDATOS ELIMINADOS POR CAUSA DA FICHA DE IDENTIFICAÇÃO?

No último dia 7, a Justiça Federal no Tocantins determinou ao MGI o cancelamento da eliminação de candidatos que não preencheram corretamente a ficha de identificação do cartão de resposta do CNU.

No dia do exame, era necessário assinar a ficha de inscrição, anotar o tipo de prova que estava fazendo, se A, B, C ou D, e escrever uma frase indicada no caderno de questões para exame de grafologia. O edital previa a eliminação de quem não fizesse o preenchimento correto, mas o Judiciário entendeu que houve falha na orientação dada pelos fiscais durante a aplicação das provas.

Com a nova decisão, foi estabelecido que foram desclassificados apenas aqueles que não fizeram o preenchimento cumulativo de dois campos de identificação: a bolinha indicando o tipo de prova e a frase do caderno de questões.

A realização de uma segunda edição do concurso ainda não foi definida, mas Retamal diz que os órgãos já foram consultados para uma análise do tema.

COTAS

Outro ponto firmado no acordo diz respeito à garantia de igualdade entre o número de provas discursivas e redações corrigidas tanto para candidatos da ampla concorrência quanto para aqueles das vagas reservadas a negros.

Com o acordo, o número de redações e provas discursivas corrigidas entre os candidatos de ampla concorrência e aqueles que estavam concorrendo às vagas reservadas por cotas de cor e raça passa a ser o mesmo.

Segundo o MGI, a inclusão da maior parte dos novos candidatos refere-se a esse ponto do acordo.

“A formatação que tínhamos feito anteriormente já garantia que a política nacional de cotas fosse integralmente atendida, mas nós tomamos essa decisão para atender a instrução normativa”, afirma o coordenador de logística do concurso.

PROVA DE TÍTULOS

O acordo feito pela União estabelece também a retificação dos editais dos blocos 4 e 5 do CNU para o cargo de ATPS (Analista Técnico de Políticas Sociais). A prova de títulos passa a ser incluída como etapa classificatória para este cargo, garantindo a equivalência com os pesos previstos na tabela 1 do edital do bloco 2 para o mesmo cargo.

Karoline explica que a decisão foi incluída no acordo para evitar novas judiciarizações, já que o cargo exige ensino superior para ser preenchido e, pelo edital, quem tinha ensino médio estaria concorrendo a ele.

CONFIRA O NOVO CALENDÁRIO DO CNU

Etapa – Data

Divulgação dos resultados das provas objetivas para os candidatos incluídos – 25 de novembro

Envio de títulos – 4 e 5 de dezembro

Análise de títulos – 6 de dezembro de 2024 a 10 de janeiro

Divulgação das notas preliminares das provas discursivas e redações – 9 de dezembro

Interposição de eventuais pedidos de revisão das notas das provas discursiva e redações – 9 e 10 de dezembro

Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas das provas discursivas e redações – 20 de dezembro

Convocação para o procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros – 23 de dezembro

Perícia médica (avaliação biopsicossocial) dos candidatos que se declararem com deficiência – 6 a 10 de janeiro

Procedimento de verificação da condição declarada para concorrer às vagas reservadas aos candidatos negros e indígenas – 11 e 12 de janeiro

Resultado preliminar da avaliação de títulos – 15 de janeiro

Prazo para interposição de eventuais recursos quanto ao resultado preliminar da avaliação de títulos – 15 e 16 de janeiro

Divulgação dos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência – 17 de janeiro

Prazo para interposição de eventuais recursos quanto aos resultados preliminares da avaliação da veracidade da autodeclaração prestada por candidatos concorrentes às vagas reservadas para negros e indígenas e da avaliação biopsicossocial dos candidatos que se declararem com deficiência – 17 e 18 de janeiro

Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas da avaliação de títulos – 11 de fevereiro

Previsão de divulgação dos resultados finais – 11 de fevereiro

JÚLIA GALVÃO / Folhapress

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