Segundo o trabalho, cada cidade poderia adotar um regime mais adequado à situação da pandemia. “Nosso projeto vai de encontro ao desafio de desenvolver uma ferramenta que apresenta o nível de mitigação necessário para diferentes cidades em momentos diferentes, com o objetivo de aliviar o impacto sobre as atividades e ao mesmo tempo protegendo o sistema de saúde”, diz o artigo, ainda não submetido à crítica da comunidade científica. O trabalho é assinado pelos pesquisadores Paulo J.S.Silva, Tiago Pereira e Luis Gustavo Nonato.
O modelo matemático leva em consideração variáveis como o tamanho da população e a capacidade do sistema de saúde dos municípios para estimar o rigor das medidas e a duração dos diferentes níveis de distanciamento. “No mundo real, a aplicação desses pesos deve ser feita pelos tomadores de decisão levando em consideração os diferentes aspectos políticos e econômicos”, ponderam os pesquisadores no artigo.
Cenários
Os cenários elaborados preveem a adoção de medidas de distanciamento social no estado até setembro. Para algumas localidades, os pesquisadores avaliam que o melhor sejam medidas graduais que variam entre o isolamento até o confinamento extremo (lockdown). Em outras cidades, como Osasco, Guarulhos e Santo André, na Grande São Paulo, os pesquisadores sugerem a alternância entre momentos de abertura total e isolamento extremo, como forma de conter a disseminação do coronavírus, preservando ao máximo a atividade econômica.
Para a capital paulista, como o sistema de saúde tem uma capacidade duas vezes maior do que o restante do estado, os especialistas acreditam que será possível abrir mão das medidas de controle antes do que a maior parte dos municípios.
Os pesquisadores ressalvam, entretanto, que as previsões precisam de dados acurados para funcionar. “Porém, o sistema pode ser ajustado à medida que forem recolhidas novas informações”.
O centro de estudos está sediado no campus de São Carlos, da Universidade de São Paulo, e reúne pesquisadores de universidades estaduais e federais, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).