Dólar cai e Bolsa hesita, com espera por pacote fiscal e indicação de Trump para o Tesouro

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda e a Bolsa com pouca oscilação nesta segunda-feira (25), em meio à expectativa por medidas fiscais do governo, esperadas para esta semana.

No exterior, o mercado repercutia a escolha pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, do investidor Scott Bessent como seu secretário do Tesouro.

Frente ao real, a moeda americana caía 0,40%, cotada a R$ 5,788, às 12h11. Já a Bolsa operava com estabilidade de 0,01%, a 129.109 pontos.

O especialista da Valor Investimentos, Paulo Luives, afirmou que o movimento do dólar reflete tanto expectativas no mercado doméstico, com a possibilidade de anúncios importantes relacionados ao corte de gastos, quanto o enfraquecimento do dólar no mercado internacional frente a uma cesta de moedas.

“Esse movimento reflete um alívio no câmbio diante da expectativa de que o anúncio do pacote de corte de gastos aconteça ainda nesta semana”, disse.

A opção por Bessent foi anunciada na sexta-feira (22), quando o mercado brasileiro já estava fechado. No mundo, o dólar se desvalorizou 0,6% na comparação com uma cesta com moedas dos principais mercados como euro e iene.

Os principais índices de Wall Street abriram em alta nesta segunda-feira, com o Dow Jones atingindo um pico recorde, impulsionado pelo otimismo dos investidores após a nomeação de Scott Bessent como secretário do Tesouro no novo governo Donald Trump.

O Dow Jones subia 0,20% na abertura, para 44.385,49 pontos. O S&P 500 ganhava 0,38%, a 5.992,28 pontos, enquanto o Nasdaq Composite tinha alta de 0,72%, para 19.140,586 pontos.

Na sexta, o dólar fechou próximo à estabilidade e teve leve variação positiva de 0,01%, a R$ 5,812. Já a Bolsa disparou 1,73%, aos 129.125 pontos, com forte impulso da Petrobras.

O dia foi marcado pela expectativa em torno pacote de corte de gastos do governo brasileiro e pela cautela global diante do aumento das tensões na guerra da Ucrânia.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) adiou mais uma vez o anúncio das medidas fiscais esperadas desde o final das eleições municipais, em 27 de outubro.

O pacote ficará para esta semana, informou o chefe da ala econômica do governo. Ele também anunciou que será feito um bloqueio adicional em torno de R$ 5 bilhões no Orçamento de 2024, além dos R$ 13,3 bilhões que já estão travados. Novos contigenciamentos foram descartados.

As medidas de contenção de gastos endereçam temores do mercado sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal, o conjunto de regras que visa o equilíbrio das contas públicas do país.

Para os agentes financeiros, é preciso ajustes na ponta das despesas, e não só reforços na arrecadação, para diminuir a dívida pública.

O pacote foi prometido ainda em meados de outubro pela ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), e a expectativa dos agentes econômicos têm crescido desde então.

“A demora em detalhar os cortes de gastos mantém o mercado em posição defensiva, com dúvidas sobre se as medidas serão suficientes para atender às metas fiscais”, diz Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

“A paciência está no limite. Apesar das reiteradas declarações do ministro Fernando Haddad, de que as medidas devem ser anunciadas na próxima semana, o mercado parece não estar convencido de sua robustez.”

O tamanho do corte é estimado por integrantes do governo em R$ 70 bilhões —entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões em 2025, e de R$ 40 bilhões em 2026. Para economistas do Itaú Unibanco, são necessários ao menos R$ 60 bilhões para que o mercado tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto.

A cautela no meio doméstico ainda veio associada à guerra da Ucrânia, foco das atenções do exterior.

Pela primeira vez na história, a Rússia disparou em combate um míssil intercontinental desenhado para uso em guerra nuclear, em ataque contra a Ucrânia na quinta-feira.

O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que o conflito na Ucrânia assumiu um “caráter mundial” e culpou as potências ocidentais pela escalada. Em discurso à nação, ele também ameaçou atacar as potências ocidentais que forneceram a Kiev armas usadas pela atacar a Rússia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ainda disse ter certeza de que os Estados Unidos “compreenderam a mensagem” após a disparada do míssil balístico.

O movimento deu vazão para temores de uma expansão acentuada da guerra, com a possibilidade de envolver até membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Redação / Folhapress

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