SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em decisão anunciada nesta segunda-feira (25), a Justiça dos Estados Unidos adiou a audiência que poderia libertar os irmãos Lyle e Erik Menendez da cadeia depois de 34 anos presos. Eles cumprem prisão perpétua por assassinar os pais em sua luxuosa mansão em Beverly Hills, na Califórnia, em 1989.
O juiz Michael Mesic disse que a audiência na qual a pena será reavaliada foi adiada do dia 10 de dezembro para os dias 30 e 31 de janeiro. Segundo Mesic, essa decisão foi tomada para permitir que o novo procurador de Los Angeles, Nathan Hochman, tenha tempo de avaliar o caso.
Hochman acaba de ser eleito para o cargo, substituindo George Gascon, que havia recomendado à Justiça que o caso dos irmãos Menendez fosse reavaliado. Ainda não se sabe se o novo procurador-geral recuará dessa recomendação -ele venceu as eleições prometendo uma postura linha-dura contra o crime.
A decisão da Justiça acontece no auge da campanha pela libertação dos irmãos, que afirmam ter agido em legítima defesa após anos de abuso sexual por parte do pai, José Menendez.
Os Menendez foram condenados em 1993, após dois julgamentos amplamente cobertos pela mídia que lhes deram grande notoriedade. Na época, o Ministério Público os acusou de terem matado a sangue-frio tanto o pai, um imigrante cubano que se tornou um importante executivo da música, quanto a mãe, Mary Louise “Kitty”, para ficar com uma herança de US$ 14 milhões (R$ 81 milhões).
Mas a defesa apresentou os jovens, que tinham 21 e 18 anos quando o crime ocorreu, como vítimas de abuso sexual e psicológico nas mãos de um pai extremamente controlador e de uma mãe negligente.
O caso ganhou força em parte graças à minissérie “Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez” e a um documentário sobre o caso, ambos da Netflix.
Os Menendez estão detidos em San Diego, a cerca de 260 quilômetros do tribunal de Los Angeles, e compareceram virtualmente à audiência desta segunda.
O advogado dos irmãos, Mark Geragos, disse em outubro ao programa Good Morning America, da ABC, que esperava ver seus clientes em casa até o Dia de Ação de Graças, que será celebrado na próxima quinta-feira (28). Agora, está claro que isso não vai acontecer.
Roy Rosselló, 54, ex-integrante da formação clássica do grupo porto-riquenho Menudo, trouxe, pela primeira vez em 35 anos, um fato novo para a defesa dos irmãos Menendez. O cantor e hoje missionário disse ter sido drogado e estuprado por José Menendez na casa da família.
O depoimento de Roy dá mais força ao argumento dos irmãos Menendez, que sempre disseram ter agido em legítima defesa, pois acreditavam que seriam mortos pelos pais quando ameaçaram levar o abuso ao público.
TURISMO DO CRIME
A defesa dos Menendez está trabalhando em três alternativas para libertá-los. Geragos busca que a justiça mude a acusação de homicídio em primeiro grau para homicídio culposo (sem intenção de matar). Isso poderia significar a liberdade imediata para os irmãos, que já cumpriram a pena máxima para esse tipo de crime na Califórnia, que é de 11 anos.
A alternativa é obter uma nova sentença, o que abriria o caminho para buscar a liberdade condicional. Geragos também formalizou um pedido de clemência ao governador da Califórnia, Gavin Newsom.
O interesse pelo caso parece atingir um nível semelhante ao dos anos 1990, quando o julgamento era transmitido na televisão e virou notícia também fora dos EUA. Dezenas de pessoas visitam os arredores da mansão em Beverly Hills onde ocorreu a tragédia que chocou o país.
Redação / Folhapress