Títulos do Tesouro atrelados à inflação disparam e superam 7%, maior patamar desde 2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os juros futuros seguem em forte alta nesta quinta-feira (28), após um pacote de corte de gastos considerado insuficiente pelo mercado financeiro, e impactam a rentabilidade dos títulos do Tesouro. Para quem quer investir, as taxas estão acima dos 7% ao ano no caso dos títulos de curto prazo atrelados à inflação.

O IPCA+ com vencimento em 2029 está com uma taxa de retorno de 7,14% ao ano. Ou seja, quem compra-lo hoje terá uma rentabilidade anual de 7,14% acrescido da variação da inflação no período.

Há uma semana, com a expectativa de mudanças mais duradouras nos gastos do governo, essa taxa havia caído para 6,8%.

O atual retorno dos títulos é o maior desde o início de 2016, durante a crise econômica ao fim do governo Dilma Rousseff (PT).

Os títulos Educa+, que funcionam de maneira semelhante ao IPCA+, também estão com rentabilidade acima de 7% nos vencimentos até 2030. O título Renda+ para 2030, por sua vez, está com juro de 6,82%.

“Os títulos públicos respondem à curva futura de juros. E hoje, eles subiram cerca de 0,2 ponto percentual”, diz Guilherme Suzuki, sócio da Astra Capital.

Os juros para 2030 estão a 13,7% no momento. Este valor reflete a expecatativa pela Selic futura, com base na atual cenário econômico.

Analistas consideraram insuficientes as medidas apresentadas pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) para a redução dos gastos do governo. Para eles, seriam necessários mudanças estruturais para que a trajetória de alta da dívida pública fosse freada, reduzindo a percepção de risco sobre o Brasil.

Atualmente, a taxa básica de juros (Selic) está a 11,25% e economistas esperam que vá a 12,25% ao fim de 2025 e que caia para 9,5% em 2027, de acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central.

Enquanto a remuneração paga pelos títulos sobe, seu preço cai, em uma relação inversamente proporcional, ao contrário da lógica tradicional do mercado.

Dessa forma, muitos investidores podem verificar uma rentabilidade negativa dos títulos, levando em conta esta queda no valor. Porém, se carregados até o vencimento, eles irão gerar a rentabilidade contratada. Se forem vendidos antes desta data, há chance de prejuízo.

Desde 2002 o Tesouro Nacional oferta os títulos públicos por meio do programa Tesouro Direto. Existem três categorias de papéis disponíveis:

Tesouro Selic é um título pós-fixado que acompanha a variação da taxa básica de juros da economia, e sua aplicação tem liquidez diária.

Tesouro prefixado tem seu retorno informado na data da aplicação, quando o investidor saberá exatamente quanto receberá caso mantenha seu papel até a data do vencimento. A rentabilidade desse tipo de título depende do momento do resgate.

Título híbrido é o caso, por exemplo, do Tesouro IPCA+, com uma parte do retorno definido no momento da compra do título, e outra parte indexada à inflação (IPCA).

JÚLIA MOURA / Folhapress

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