Santa Casa de Araçatuba cobra do DRS-2, medidas para equilibrar atendimentos

A diretoria da Santa Casa de Araçatuba (SP) informou aos prefeitos eleitos dos municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde (DRS-2) que, a partir de agora, o hospital limitará seus atendimentos a casos urgentes, deixando de atender pacientes cujos casos possam ser resolvidos nas unidades de saúde dos próprios municípios

Foto: Divulgação
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A diretoria da Santa Casa de Araçatuba (SP) informou aos prefeitos eleitos dos municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde (DRS-2) que, a partir de agora, o hospital limitará seus atendimentos a casos urgentes, deixando de atender pacientes cujos casos possam ser resolvidos nas unidades de saúde dos próprios municípios. A medida visa tentar equilibrar as finanças da instituição, que se encontra em recuperação judicial e, até o momento, acumulou um déficit de R$ 29 milhões em 2024, superando o rombo de R$ 23 milhões registrado no ano anterior.

A decisão foi comunicada durante uma reunião realizada no auditório da Santa Casa, na qual foi apresentado um balanço da situação financeira do hospital, além das informações sobre os atendimentos realizados ao longo deste ano. O encontro também tinha como objetivo discutir alternativas com o governo estadual, mas, segundo informações da direção do hospital, o DRS-2 não enviou nenhum representante, apesar do convite.

Dados de Atendimento e Desafios Financeiros

Fábio Blaya, membro do Conselho de Administração da Santa Casa, expôs dados sobre os atendimentos realizados, destacando que atualmente 94% dos atendimentos são feitos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O hospital, conforme Blaya, precisaria de uma distribuição mais equilibrada, com 70% dos atendimentos provenientes do SUS e 30% do setor privado, para que as finanças se estabilizassem.

Além disso, Blaya explicou que o pacto atual com o governo do Estado prevê que 80% dos atendimentos sejam pelo SUS. A maior parte da demanda do hospital é composta por casos de urgência e emergência, com 90% dos atendimentos sendo classificados como de média complexidade, enquanto apenas 10% envolvem casos de alta complexidade.

Blaya também comentou sobre uma recente reunião com a direção do DRS-2, onde foi sugerido que a Santa Casa se adaptasse para realizar 60% de atendimentos de média complexidade e 40% de alta complexidade. No entanto, ele questionou a viabilidade dessa proposta, uma vez que não foi explicada como a mudança poderia ser implementada.

Crescimento da Demanda e Endividamento

A demanda por atendimentos na Santa Casa tem aumentado nos últimos anos, passando de 263,5 mil atendimentos em 2020 para 332,4 mil em 2023. Até agosto de 2024, o hospital já havia realizado os mesmos 263 mil atendimentos registrados em 2020, com a expectativa de que o número total chegue a 390 mil até o final do ano. Blaya destacou que esse aumento na demanda resulta em um crescimento proporcional do prejuízo, uma vez que 90% dos atendimentos são do SUS.

A alta demanda também tem contribuído para o aumento do passivo da instituição, que já soma R$ 195,8 milhões em dívidas, incluindo empréstimos bancários, fornecedores, honorários médicos, tributos e processos trabalhistas.

Medidas e Recuperação Judicial

Diante do cenário financeiro crítico, a diretoria da Santa Casa não teve outra alternativa senão solicitar a recuperação judicial, que está em vigor há quatro meses. Essa medida suspende temporariamente as dívidas acumuladas, mas as contas mensais continuam no vermelho, pois a principal atividade do hospital é de caráter assistencial.

Blaya detalhou que, apesar da crise financeira, o hospital tem mantido seu custo administrativo dentro dos parâmetros recomendados por especialistas, com 12% da receita destinada a essa área. Além disso, medidas de contenção de custos estão sendo adotadas, como o cancelamento de novas contratações, a revisão de horas extras e a redução de gastos com impressão de papel.

No setor assistencial, o hospital seguirá atendendo conforme o pactuado com o DRS-2, ou seja, 80% dos atendimentos serão voltados ao SUS, o que resultará, inevitavelmente, em uma diminuição no número de atendimentos realizados. Blaya afirmou que não há outra alternativa a não ser a redução da oferta de serviços.

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