SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta Black Friday, a principal data do ano para o comércio eletrônico, o brasileiro comprou mais em volume, mas não quis comprometer o orçamento.
O número de pedidos registrados entre as 0h e as 12h desta sexta-feira (29) subiu 34,8% em relação ao ano anterior, mas a receita dos comerciantes teve alta de apenas 3,6%, no mesmo período, de acordo com a plataforma de análise de dados Nielseniq Ebit.
Em vez de eletrodomésticos e eletrônicos de maior valor agregado, o consumidor deu preferência a bens não duráveis, como comida, bebidas, cosméticos e outros itens de cuidado pessoal.
Os resultados, apesar de positivos na aparência, vêm na sequência de dois anos de queda no movimento da Black Friday, que não voltou a apresentar o sucesso demonstrado no pico da pandemia de Covid, quando vigoravam políticas de isolamento social.
De acordo com a Nielseniq, as vendas que ocorriam na Black Friday estão cada vez mais diluídas ao longo do mês de novembro. “Entre os destaques, as categorias de perfumaria e cosméticos continuam liderando, mas itens alimentícios, como azeites, e suplementos também apresentam performance consistente”, afirma Andrea Stoll, a responsável pelo painel de dados sobre ecommerce da empresa.
Nos dados parciais do Itaú, que fez uma divisão por categoria, os alimentos tiveram destaque. A quantidade de compras registradas de gêneros alimentícios subiu 151%, em relação aos dados de 2023. O levantamento considera todas as transações faturadas em maquininhas da Rede, seja na modalidade presencial ou na online.
A expectativa de ofertas foi frustrada, porém, por preços inflados ou descontos pequenos. O preço médio da picanha vendida nesta sexta a R$ 77,80, por exemplo, teve aumento de 12,34%, segundo monitoramento feito pela Folha de S.Paulo em parceria com o Buscapé.
Ao acompanhar o preço de 14 produtos nas sextas-feiras dos últimos três meses, a Folha de S.Paulo também identificou aumentos em cerveja, TV, celular, notebook, produtos com suporte para Alexa, videogame, câmera fotográfica, fritadeira elétrica, aspirador de pó, câmera digital, geladeira, fogão e tênis.
Os vestuários, incluindo os calçados, tiveram a pior performance nas vendas, entre as categorias monitoradas pelo Itaú. A procura por roupas iniciou o dia em queda, antes de passar a um crescimento de 1%, na pior performance medida pelo banco.
Também tiveram alta os gastos com educação (108%), puxados pelos livros, e saúde (26%), destacando os itens de cuidado pessoal.
A sexta repetiu a tendência de volume de vendas do esquenta para a Black Friday, iniciado na quinta-feira (28). No total, foram mais de R$ 1,7 bilhão em transações no ecommerce brasileiro, 3,3 milhões de pedidos e ticket médio de R$ 482,32, de acordo com a plataforma Hora a Hora, da Confi Neotrust, empresa de inteligência de dados, e da ClearSale.
Por outro lado, o movimento em supermercados, lojas de rua e shoppings de São Paulo foi discreto. Em estabelecimentos visitados pela reportagem nesta sexta, consumidores que saíram de casa não demonstraram grande entusiasmo com as promoções.
Embora o consumidor procure comidas e bebidas, foram os produtos de moda masculina, informática e eletrônicos que estão apresentando a maior quantidade de promoções nesta Black Friday, de acordo com a plataforma Promobit.
A plataforma identificou 341 ofertas de produtos de moda masculina, com média de desconto de 45%, 321 ofertas e desconto médio de 33% em produtos de informática, e 281 ofertas de eletrodomésticos, com média de 27% de redução.
FREQUÊNCIA DE GOLPES DIMINUIU
Nas 18 primeiras horas desta sexta foram registradas 4.900 tentativas de fraude no comércio eletrônico barradas pela plataforma de segurança em ecommerce Clearsale. As fraudes deixariam um rombo de R$ 7,5 milhões, uma redução de 25% na comparação com o mesmo período no ano passado.
Os estelionatários usam itens de custo médio, para equilibrar ganho e chance de a vítima acreditar no golpe. O valor médio nas tentativas de fraude foi de R$ 1.534,60.
Os itens mais citados nos sites e anúncios falsos foram instrumentos musicais (2,48%), jogos (2,09%), produtos de informática (1,26%), smartphones (1,09%) e acessórios eletrônicos (1,08%).
O superintendente comercial da ClearSale, Matheus Manssur, diz que criminosos estão vendendo dados vazados de acesso a plataformas de ecommerce, para que outros estelionatários façam compras em nome da vítima. “O mercado e os consumidores precisam estar atentos.”
PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress