Gestão Tarcísio vai fechar escola centenária no centro para obras em parque

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai fechar a Escola Estadual de São Paulo, no centro da capital paulista, no próximo ano para a realização de obras de revitalização no Parque Dom Pedro 2º. A reforma no local, no entanto, só está prevista para começar em 2026.

Fundada em 1984, a escola é uma das mais antigas do estado. A unidade fica ao lado do parque e deixará de receber alunos já no próximo ano, ainda que a previsão de início das obras de revitalização seja apenas para um ano depois, no início de 2026.

Também não há previsão de intervenções no prédio escolar. Ainda assim, a Secretaria Estadual de Educação informou que a escola será “temporariamente desativada em 2025”.

A revitalização do Parque Dom Pedro 2º é de responsabilidade da gestão municipal de Ricardo Nunes (MDB). Prometida há anos, as obras vão ser feitas por meio de uma PPP (parceria público-privada) que nem sequer foi licitada —a sessão de licitação deve acontecer apenas no fim de janeiro de 2025.

“A decisão partiu de um entendimento firmado entre o município e o Governo do Estado, evitando qualquer risco aos alunos e funcionários”, disse a secretaria, em nota.

A pasta também informou que a tradicional escola não deve voltar a receber alunos no ensino regular. O plano da pasta é que, após o término das obras, a unidade volte a funcionar oferecendo cursos de educação profissional ou como CEEJA (Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos).

Os 130 alunos e 27 profissionais da escola foram apenas avisados do fechamento da unidade na terça-feira (3). Eles planejam um ato contra o encerramento das atividades no local.

Essa é mais uma ação do governo Tarcísio de fechamento de turmas na rede estadual paulista. Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, a secretaria planeja fechar no próximo ano ao menos 96 turmas de ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos) que funcionam no período noturno das escolas estaduais.

Segundo a secretaria, todos os alunos e funcionários da EE de São Paulo serão “remanejados para outras unidades”. A pasta informou que planeja transferir parte dos alunos para a escola estadual Caetano de Campos, na Consolação, e outra parte para unidades na região central ou na Mooca. “Todos terão vagas garantidas em outras instituições na região.”

O governo Tarcísio não explicou por que decidiu fechar a escola um ano antes do início das obras no local.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo afirma que, “considerando todos os processos administrativos” envolvidos na licitação da PPP, as obras de modernização do Parque Dom Pedro 2º devem ter início em 2026, com prazo de até cinco anos para conclusão, conforme estipulado em contrato.

Além de ser uma das mais antigas e tradicionais da cidade, a Escola Estadual de São Paulo foi escolhida nos últimos anos para receber investimentos e integrar novas apostas educacionais dos governantes paulistas.

Em 2019, o governo estadual concluiu uma obra grande de restauro na unidade, com reposição de peças e materiais, substituição de piso de porcelanato para sala de ensaio e mezanino, entre outras melhorias.

Dois anos depois, em 2021, foi escolhida pela gestão João Doria para integrar uma das primeiras escolas que passariam a integrar o PEI (Programa de Ensino Integral). Ao aderir o modelo, a escola recebeu um aporte maior de recursos.

Em maio deste ano, a pasta disse ao blog São Paulo Antiga que estava fazendo uma nova série de reformas na unidade. Segundo a secretaria, estava sendo feito um investimento de mais de R$ 520 mil para “revitalização estrutural” da escola, com obras na área de alimentação, sanitários e na cobertura.

As obras deveriam ter sido concluídas no início do segundo semestre letivo deste ano. A secretaria não respondeu por que decidiu fechar a escola logo após reformar o espaço.

“Nenhuma justificativa foi dada à comunidade escolar. Isso é uma afronta ao princípio constitucional da gestão democrática do ensino e se revela como mais um ato autoritário e excludente da gestão Tarcísio, que vem fechando turnos e salas em toda a rede estadual”, diz denúncia apresentada pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) ao Ministério Público.

HISTÓRIA

Fundada em 1984 com o nome Gymnasio do Estado de São Paulo, a escola por muitas décadas atendeu os filhos da elite paulistana. Ali passaram nomes como Cásper Líbero, Paulo Setúbal, Orígenes Lessa e o ator Francisco Cuoco.

A unidade tem um projeto arquitetônico arrojado, motivo pelo qual já foi objeto de estudo de alunos de arquitetura de universidades de todo o país. A escola é cercada por grandes árvores e se integra aos viadutos do entorno. Os prédios das salas de aula e o ginásio de esportes são inspirados nos pavilhões e na oca do parque Ibirapuera.

ISABELA PALHARES / Folhapress

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