SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Itaú vê duas polêmicas com nomes importantes da instituição surgirem na mesma semana, Javier Milei completa 365 dias na presidência argentina, soja perde a coroa das exportações para petróleo e Amazon quer bater de frente com Nvidia e outras notícias do Mercado para começar esta segunda-feira (9).
*CRISE EXECUTIVA NO ITAÚ*
O banco Itaú anunciou em ata de assembleia geral que acusa seu ex-diretor financeiro de violar políticas internas e ter recebido uma participação em pagamentos do banco a um fornecedor de pareceres.
Na última terça-feira (3), também demitiu o diretor de marketing responsável pela campanha do aniversário de 100 anos da instituição.
Quem é quem: Alexsandro Broedel era um dos principais executivos do Itaú, onde trabalhou por 12 anos.
É professor titular da FEA/USP (Faculdade de Economia e Administração da USP), foi membro do conselho da IRB Brasil e membro consultivo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
↳ Pediu demissão em julho para assumir um cargo no Santander na Espanha.
O outro envolvido é Eliseu Martins, um dos maiores contadores do Brasil. Ele fornecia pareceres ou seja, avaliações contábeis e financeiras para o banco.
Foi diretor da FEA/USP, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), presidiu a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras) e o instituto Ipecafi, entre outros cargos.
Os contadores Eric Aversari Martins e Vinícius Aversari Martins, filhos de Eliseu, também são citados no protesto protocolado pela instituição.
Ainda, cita três empresas: Care Consultores, Evam Consultores e Broedel Consultores Associados.
O que aconteceu. O Itaú realizou uma investigação interna que acabou em 24 de novembro.
Nela, apurou que o ex-CFO usou de forma irregular as prerrogativas do seu cargo e aprovou pagamentos ao fornecedor de pareceres que chegam a R$ 10,4 milhões nos últimos quatro anos.
Broedel e Martins eram sócios em uma empresa chamada Broedel Consultores desde 2012. A sociedade nunca havia sido declarada para controles internos do banco.
↳ A instituição afirma que, dentre 40 pareceres contratados, 36 foram considerados recebidos por Broedel, mas só 20 foram localizados e 4 foram pagos antecipadamente.
O banco denunciou o ocorrido ao Banco Central. Os envolvidos podem ser condenados ao pagamento de indenizações de R$ 4,86 milhões, com valores corrigidos.
↳ O caso também deve ser investigado pela CVM.
Outro lado. Broedel declara em nota que sempre se conduziu de forma ética e transparente em todas as atividades, e que nunca foi contestado pela ampla estrutura de compliance do banco.
Martins, que já prestava serviços para a instituição antes da entrada do sócio, afirma ver má fé na denúncia.
Ele escreve que a prática de pagamento antecipado por pareceres pelo banco existe, tanto que ele declarou que o dinheiro pelos quatro pareceres ainda não emitidos deveria ser devolvido.
Outro caso. O Itaú demitiu na última semana outro executivo de destaque: o diretor de marketing Eduardo Tracanella, que trabalhou no banco por 27 anos.
O desligamento se deu, segundo o banco, ao uso indevido do cartão de crédito corporativo.
Ele foi um dos responsáveis pela elaboração da campanha que celebrou o aniversário de 100 anos da instituição.
O empenho contou com mudanças no branding (logomarca e visual das agências), megashow da Madonna em Copacabana e peça que entrou no Guinness Book com Fernanda Montenegro.
Novo nome. Depois do desligamento, o Itaú contratou a diretora de marketing do Santander, Juliana Cury.
*UM ANO DE MILEI*
No dia 10 de dezembro, terça-feira, Javier Milei completa um ano presidente da Argentina.
Ultraliberal…é a alcunha que atribui a si mesmo. Durante os primeiros 365 dias de mandato, reduziu a participação do estado na economia, criou o maior salto na pobreza em décadas e atraiu olhares do mundo todo para o sul do globo com sua retórica.
↳ Entre suas promessas de campanha, estavam a dolarização da economia argentina, o controle da inflação e o alcance do equilíbrio fiscal.
Motosserra. O próprio afirmou que cortaria a inflação usando o instrumento. Ainda em dezembro de 2023, Milei desvalorizou o peso 52% frente ao dólar, fazendo com que a inflação batesse os 25%.
Em janeiro, a taxa começou a cair até chegar em 2,7% em outubro.
↳ Ainda, reduziu os ministérios de 18 para o 8, em nome de desinchar o estado.
Em janeiro, o país teve o seu primeiro superávit primário em uma década isso significa que, pela primeira vez em dez anos, as despesas do governo foram menores que as receitas.
Tentou emplacar mais de 600 reformas, mas fracassou sem a maioria no Congresso. O projeto foi reduzido a menos de um terço do original para obter a aprovação.
💰Peso pesado. O presidente manteve o controle do câmbio e acrescentou uma apreciação gradual do peso, de 2% ao mês.
O plano de dolarização está suspenso por tempo indeterminado.
Com o peso mais forte, o país fica mais caro na divisa americana e o poder aquisitivo da população despencou.
Vida cara Ele tirou o congelamento dos preços do transporte público e eliminou acordos que limitavam preços de alimentos e medicamentos.
Além disso, liberou contratos de aluguéis, seguros, serviços de telefonia e internet, medicina e educação privada e reduziu subsídios às tarifas de energia elétrica, gás e água potável.
Também interrompeu obras de infraestrutura pelo país.
gera desigualdade. A pobreza aumentou 11 pontos para 52,9% no primeiro semestre seu maior salto em duas décadas e o consumo, a produção fabril e a construção despencaram.
Houve retração de 20,4% no poder de compra e no consumo em outubro, quando comparado ao mesmo mês do ano passado.
Aprovação. Milei e seus correligionários justificam as reformas afirmando que o sofrimento inicial é um passo necessário para alcançar a saúde econômica que os cidadãos pediram quando o elegeram para a presidência.
Dizem que a economia atingiu o piso para enfim começar a crescer.
Alguns, acreditam. Apesar de sentirem o impacto das medidas, pensam que o momento é passageiro e que o sofrimento não se estenderá uma vez que o governo atingir as metas que prometeu.
Outros, perderam a fé ao verem a precarização de seus estilos de vida.
Restam três anos para que ele tente comprovar sua tese.
*SOJA FICA COM MEDALHA DE PRATA*
O Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo. Entretanto, outro produto brasileiro foi mais requisitado do que o grão pelo comércio global: o petróleo deve ficar com a medalha de ouro nas exportações do país em 2024.
Os dados recolhidos pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) mostram que esse é um evento raro na última década. Desde 2015, a única vez que a soja não liderou as exportações foi em 2021, quando foi vencida pelo minério de ferro.
Quebra de safra é quando a plantação rende menos do que a expectativa. Isso aconteceu neste ano, sobretudo por questões climáticas.
O Brasil está exportando volumes 1,4% menores em 2024.
↳ Até outubro, as exportações do complexo da soja (grãos, farelo e óleo) renderam US$ 50,4 bilhões, US$ 10 bilhões a menos do que em igual período do ano passado.
↳ Fenômenos meteorológicos, como o El Niño no segundo semestre, provocaram menos chuva no centro-oeste e um excesso no sul, prejudicando as duas regiões que mais produzem a oleaginosa.
📉Uns perdem. O preço da commodity caiu 17%, o que causou uma queda na receita dos produtores.
📈Outros ganham. As exportações do petróleo vem batendo níveis recordes.
Somam 85,45 milhões de toneladas de janeiro a novembro, alta de 14,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secex.
O crescimento vem com o aumento da produção no pré-sal.
A receita exportadora subiu impulsionada pelos volumes para US$ 42,76 bilhões, garantindo a liderança da commodity em 2024.
↳ Ainda falta um mês para o ano acabar, mas é improvável que a soja retome a liderança em 31 dias.
Segundo o que disse o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, à Reuters, a mudança no topo do ranking não é uma tendência. É previsto que a soja volte a ser o maior produto de exportação brasileiro no próximo ano.
“Este ano a queda de preços da soja de cerca de 20% e o aumento da quantidade de petróleo fizeram o resultado”, disse.
*AMAZON QUER DESAFIAR A NVIDIA*
A Nvidia é a principal referência em chips de inteligência artificial.
Os chips Blackwell, Rubin, H100 e A100 estão entre os produtos mais famosos da empresa.
Com o desejo das companhias em melhorar seus processos usando IA, a Nvidia vende mais do que nunca. Os balanços trimestrais trazem cifras altíssimas, e são aguardados ansiosamente pelo mercado.
A Amazon não quer ficar para trás e vai lançar seu próprio microprocessador para bater de frente com a atual campeã.
🤖Chip Tiranium. É a alternativa criada pela AWS (Amazon Web Services) em chips de inteligência artificial e promete um custo benefício melhor do que as opções disponíveis no mercado.
↳ Entre os dias 1 e 6 de dezembro, a empresa apresentou novos produtos na convenção re:Invent, que aconteceu em Las Vegas, nos EUA.
“Ainda é muito cedo em relação ao desenvolvimento da IA, e a Amazon tem oportunidade de assumir a liderança como resultado”, disse Rohit Prasad, chefe de IA da Amazon.
União faz a força. Com máquinas cada vez mais rebuscadas e uma IA cada vez mais avançada, um chip não faz verão.
Em geral, uma máquina que usa IA em suas funções precisa de alguns microprocessadores. O desafio é fazer todos os instalados funcionarem em conjunto sem superaquecer a máquina.
Segundo a AWS, uma das principais vantagens do seu produto é a capacidade de fazer justamente isto: vários Tiraniums juntos trabalham bem e sem ficarem quentes demais.
Só chips não bastam. Um dos principais diferenciais da Nvidia é a plataforma que a empresa criou para que desenvolvedores pudessem trabalhar com seus produtos.
Além de criar o chip em si, a companhia facilitou o uso e programação com os aparelhos.
🗒️Em resumo na visão de especialistas, é sempre bom que os mercados se diversifiquem, e que os clientes tenham mais de uma opção na hora de fazer suas compras.
Entretanto, a Nvidia chegou onde chegou por um motivo a qualidade dos produtos. A concorrência tem um desafio e tanto pela frente.
Sobre Amazon e IA. A empresa anunciou no mesmo evento que vai testar um material projetado por inteligência artificial para remoção de carbono.
A tecnologia será usada em data centers centrais de dados em português, onde ficam as máquinas que fazem os serviços da AWS funcionarem e é uma espécie de esponja de CO2.
A startup Orbital Materials projetou a substância.
↳ Essas centrais usam muita energia elétrica para manter os computadores funcionando 24 horas por dia, processo que gera muitas emissões de carbono na atmosfera. Também usam muita água para resfriar as máquinas e evitar incêndios.
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*
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Aéreas projetam corte de 6,2% de voos domésticos. Cálculos buscam convencer governo a mexer no texto da reforma e dar descontos em alíquota de imposto.
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LUANA FRANZÃO / Folhapress
