RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira (10) que a estatal está “profundamente comprometida” com a indústria brasileira e que acredita na capacidade do fornecedor nacional para oferecer bens e serviços ao setor de petróleo.
As declarações foram dadas em evento sobre encomendas à indústria naval promovido pelo IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás) no Rio de Janeiro, no qual a Petrobras apresentou ao setor oportunidades de encomendas futuras.
O aumento de contratações no país foi uma das missões dadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidente da estatal, que assumiu o cargo em junho em substituição a Jean Paul Prates, demitido após embates com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
“A Petrobras está profundamente comprometida em impulsionar a indústria brasileira”, disse Magda. “A Petrobras acredita na capacidade do fornecedor nacional, acredita na capacidade desse fornecedor gerar emprego e dinamismo para a economia.”
Ela afirmou, no entanto, que “erros do passado” ensinaram que é preciso escolher segmentos em que o Brasil é mais competitivo. “Tem que calibrar o que somos capazes de fazer e não dar passos além das nossas próprias pernas.”
A executiva citou segmentos de equipamentos submarinos, construção de embarcações de apoio à indústria petrolífera e módulos industriais para plataformas de produção de petróleo entre aqueles já dominados pela indústria local.
O programa de apoio a estaleiros brasileiros implantados nas primeiras gestões Lula consideravam a produção de cascos de plataformas e sondas de perfuração de poços, vistas como inviáveis no país, em comparação com países asiáticos.
A busca por atuar em todas as etapas da cadeia de fornecimento do petróleo naquela época é hoje alvo de críticas até na Petrobras e foi um dos fatores que intensificou a crise no setor após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
No evento desta terça, Magda defendeu ainda que a Petrobras não fomentará a indústria nacional a qualquer custo. “Ninguém está aqui falando que vamos ter prejuízo ou menos lucro”, disse, complementando que o patamar de lucro da estatal “precisa ser respeitado”.
As dificuldades financeiras dos estaleiros nacionais, porém, é um dos entraves à promessa do governo de ampliar encomendas. Em sua primeira licitação de navios sob Lula 3, a Transpetro recebeu apenas uma proposta.
O setor diz que, com várias empresas em recuperação judicial, é mais difícil hoje obter as garantias necessárias para a participação nos leilões. A subsidiária de transportes da Petrobras pretendia lançar um segundo leilão ainda em 2024, mas até agora não houve avanço.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress