SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As cidades de Curitiba (PR), Fortaleza (CE) e São Paulo (SP) lideram neste ano a demanda por moradia no Brasil no segmento econômico, voltado para famílias com renda entre R$ 2.000 e R$ 12 mil. É o que aponta o IDI (Índice de Demanda Imobiliária) Brasil, divulgado nesta quarta-feira (11) por Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, em parceria com a Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Com abrangência nacional e periodicidade tr imestral, o IDI Brasil analisa a atratividade de 61 cidades brasileiras para imóveis de padrões econômico, médio e alto, com base em indicadores oficiais e dados não autodeclarados e anonimizados de transações reais.
Segundo os responsáveis pelo estudo, a expectativa é que o índice seja uma ferramenta relevante na tomada de decisão por novos investimentos em habitação, reduzindo a imprevisibilidade do mercado e oferecendo dados concretos para embasar decisões no setor privado e público.
Gabriela Torres, gerente de inteligência estratégica do ecossistema Sienge e responsável pelo IDI Brasil, afirma que o índice permite identificar o que os compradores estão buscando e, consequentemente, mapear tendências e oportunidades.
No segmento econômico, a capital cearense se destacou ao subir da 4ª para a 2ª posição de atratividade entre março de 2023 e setembro de 2024, impulsionada por avanços em indicadores como dinâmica econômica e demanda direta.
Outras cidades, como Natal (RN), também apresentaram crescimento expressivo, passando da 42ª para a 21ª posição no ranking. O avanço reflete melhorias em indicadores econômicos locais e aumento na atratividade para novos empreendimentos.
No segmento de médio padrão, para famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 24 mil, Goiânia e São Paulo alternaram entre as primeiras posições ao longo do período analisado. Brasília completou o pódio, mantendo-se estável na 3ª colocação.
Maceió foi a cidade com maior avanço no ranking, subindo 39 posições no período, resultado de um aumento na demanda direta e na atratividade de novos lançamentos.
Entre os imóveis de alto padrão, destinados a famílias com renda superior a R$ 24 mil, São Paulo lidera o ranking, seguida por Goiânia (GO) e Florianópolis (SC). A capital de Santa Catarina registrou um avanço significativo, saindo da 9ª para a 3ª posição, devido à sua atratividade para novos e antigos lançamentos.
Com uma escala que varia de 0 a 1, o IDI Brasil classifica as cidades em cinco categorias de atratividade: Muito Alta, Alta, Média, Baixa e Muito Baixa. O modelo matemático avalia a atratividade para novos projetos imobiliários, utilizando seis indicadores principais, que abrangem aspectos essenciais do mercado. Cada indicador é ponderado por especialistas para refletir sua relevância.
1 – Indicador de demanda: mede o número de potenciais compradores, refletindo o tamanho do mercado consumidor e o potencial de consumo na cidade. A fonte é o IBGE;
2 – Indicador de Dinâmica Econômica: avalia a capacidade do município de gerar ciclos de demanda e fortalecer a economia local por meio de fatores como emprego e renda, que influenciam a capacidade de compra e a sustentabilidade do mercado. Baseado em dados do IBGE, Caged e Receita Federal;
3 – Indicador de ofertas de terceiros: avalia a concorrência e a saturação do mercado, indicando a disponibilidade de imóveis oferecidos por outros agentes e a viabilidade de novos empreendimentos. Os dados são reunidos de portais de venda na internet;
4 – Indicador de demanda direta CV CRM: usa dados de leads para medir a procura ativa por imóveis específicos, apontando áreas de interesse imediato e direcionando estratégias de marketing e vendas;
5 – Indicador de Atratividade para Antigos Lançamentos CV CRM: verifica o desempenho de lançamentos com mais de 12 meses, oferecendo insights sobre a aceitação e estabilidade do mercado na cidade;
6 – Indicador de Atratividade para Novos Lançamentos CV CRM: examina o potencial de empreendimentos lançados nos últimos 12 meses, destacando tendências e novas oportunidades de negócios.
Para o presidente da CBIC, Renato Correia, o novo índice pode apoiar a revisão de planos diretores municipais e a formulação de políticas públicas, alinhando recursos à demanda habitacional.
O consultor estratégico da CBIC, José Carlos Martins, diz que a ferramenta vai mitigar os riscos de tomadas de decisões baseadas em sentimentos e histórico.
Em 2022, o déficit habitacional no Brasil superou 6,5 milhões de moradias, o que corresponde a 8,3% do total de habitações ocupadas no país. É o dado mais recente sobre o déficit habitacional do Brasil, levantado pela FJP (Fundação João Pinheiro) com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades.
ANA PAULA BRANCO / Folhapress