DOHA, QATAR (UOL/FOLHAPRESS) – A preparação do Botafogo para o jogo contra o Pachuca (MEX), que culminou na eliminação nas quartas de final da Copa Intercontinental, foi cercada de transtornos, com direito a viagem de 15 horas para Doha (QAT) na antevéspera, voo atrasado, revolta com avião e bastante dificuldade de se adaptar ao fuso horário de seis horas de diferença em relação ao horário de Brasília, o que fez com que muitos jogadores passassem a madrugada em claro.
O calendário foi o primeiro grande vilão do Botafogo. O time conquistou o Campeonato Brasileiro no último domingo (8) e, poucas horas depois, já seguiu para o aeroporto rumo a Doha.
Mesmo fretado, o voo atrasou. Era para sair à 1h (de Brasília) e saiu às 3h do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
O avião emprestado pelo New England Patriots era para oferecer luxo, mas causou revolta. Os jogadores ficaram irritados com a falta de poltronas mais espaçosas e confortáveis e houve até quem chegou a deitar no chão por conta de dores na coluna.
O zagueiro Alexander Barboza externou a situação. Ele classificou o avião do time de futebol americano da NFL como “fraco”.
Em seguida, quem jogou contra foi o fuso. O Botafogo desembarcou em Doha na madrugada de segunda (9) para terça (10), véspera da partida.
Ainda na terça, fez o reconhecimento do gramado do estádio 974, na parte da tarde. Posteriormente, o técnico Artur Jorge e o lateral esquerdo Alex Telles ainda concederam entrevistas coletivas.
Na hora de dormir, caos total. Uma grande quantidade não conseguiu se adaptar o horário de sono e acordou ainda na madrugada, fazendo com que parte do grupo chegasse para a partida contra os mexicanos em condições longe das ideais. Em campo, o Alvinegro perdeu por 3 a 0 e foi eliminado da competição.
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“Eu acordei hoje às 3h da manhã, não consegui dormir mais e só fui voltar a dormir às 16h da tarde. Foi uma hora e meia de sono e acordei para jogar, então é muito difícil, cara. O corpo não dá, não dá… E olha que não joguei contra o São Paulo [estava suspenso], os caras que jogaram, então imagina. É difícil. Eu já estava cansado, não vou nem falar porque é incrível. Mas tínhamos que ganhar, nosso sonho era ganhar. Mas não conseguimos. Só nos resta curar essa ferida e descansar, deixar o futebol um pouco de lado nas férias e ano que vem será melhor”, disse Alexander Barboza.
“Eu tentei dormir um pouco de tarde para tentar dormir mais, mas 3h da manhã eu estava acordado. Tomei café às 8h e só fui consegui dormir 10h e pouca para acordar 12h. E depois, posteriormente, só consegui dormir duas horas. Humanamente falando, a gente sabe que o corpo humano demora mais ou menos três dias para começar a se adaptar a uma mudança de horário. Então, existe esse fator, e como você mesmo disse, todo mundo viu, todo mundo sabe. Eu acho que devemos pensar nos jogadores. Eu sofri uma fratura no Brasileirão, uma fratura de estresse, porque são muitos jogos. Isso desgasta qualquer atleta. Tanto que todos os times tiveram muitos jogadores com lesões, isso prejudica até o desempenho do futebol. Acho que isso deve ser repensado, porque a nossa saúde também importa, é muito desgastante e estamos expostos a muitas lesões, porque é um calendário muito sufocante para os jogadores”, disse Júnior Santos.
“Vocês (jornalistas) estão quanto tempo aqui? E como estão se sentindo? Cansados? A gente também. Somos seres humanos. Mentalmente queremos fazer o melhor em campo, mas fisicamente acaba esbarrando nesse aspecto de voo longo, dormir mal, vários jogadores foram acordar 3h, 4h. Então esbarramos um pouco nisso quando se fala em alto rendimento. Mas temos que entrar em campo para vencer. Essa questão do voo atrapalhou um pouquinho, mas não podemos agarrar como desculpas”, disse Gregore.
BRUNO BRAZ / Folhapress