RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O surfista Pedro Scooby é a favor da piscina de ondas artificiais na competição dos Jogos Olímpicos. A ideia já é cotada para Los Angeles, em 2028.
“Eu acho justo o campeonato em piscina de onda, porque são só de quatro em quatro anos. Diferente do Circuito Mundial, que acontece durante o ano inteiro, com dez etapas. Imagina você chegar ali naquele dia e a natureza não cooperar, como já aconteceu nas últimas duas Olimpíadas”, disse Pedro Scooby, ao UOL.
Nas Olimpíadas de Paris, Gabriel Medina conquistou a medalha de bronze após sofrer com a falta de ondas em Teahupoo, no Taiti, na semifinal.
“Óbvio, tem essa beleza da natureza, o que torna especial, mas só funciona pro Circuito Mundial, que a gente tem dez etapas. Numa etapa, a natureza ajuda e em outra não. Numa Olimpíada, você tem aqueles dias exatos ali. Imagina você poder fazer na piscina de onda, no meio de um estádio? Mudaria tudo, e acho que seria muito importante fazer, porque realmente já é um outro tipo de evento”, disse Pedro Scooby.
Na piscina, não há disputa por prioridade, os surfistas competem um de cada vez e possuem número limitado de ondas. No modelo adotado no Circuito Mundial, cada atleta tem direito a seis ondas (três para a direita e três para a esquerda) e a nota final era formada a partir da soma das duas maiores (sendo obrigatoriamente uma da onda para a direita e outra para a esquerda). Para as Olimpíadas de Los Angeles, em 2028, a ideia é realizar a competição na piscina de ondas do 11 vezes campeão mundial Kelly Slater.
Pedro Scooby acompanhou de perto a trajetória de Gabriel Medina durante as Olimpíadas de Paris, já que atuou como comentarista e repórter da CazéTV. Apesar de ter curtido o momento, o surfista destacou que não pensa em seguir na área.
“Eu me jogo, mas acho que não é o meu foco agora. Foi incrível ver essa experiência, ainda mais na CazéTV, que tive uma liberdade de ser eu mesmo na frente das câmeras. Mas é só mais uma possibilidade de algo que eu posso fazer futuramente, ou de vez em quando. Meu foco são as ondas gigantes. Eu posso fazer outras coisas para me aventurar, como as ondas gigantes são em poucos momentos no ano. Óbvio que eu tenho que estar sempre preparado para quando vier o swell, mas posso me aventurar em outras coisas também”, disse Pedro Scooby.
E O RECORDE MUNDIAL?
Falando em ondas gigantes, Pedro Scooby comentou sobre o recorde mundial, que quase foi batido por Lucas Chumbo, sua dupla na modalidade. Apesar de ser um título relevante, o brasileiro não tem prioridade em alcançar a marca no momento.
“O Guinness é maneiro, mas não é uma coisa que tenho esse foco. O mar que o Sebastian Steudtner bateu o Guinness, eu estava no mar, para quem viesse aquela onda, teria batido. Acho que seria legal se batesse, ter esse título do Guinness, mas não é uma coisa que eu foco, nem tenho essa esperança. Mas eu vou estar lá, nos mares gigantes que tiverem, como o Chumbo vai estar também, ele é minha dupla. Não é o foco, acho que o Chumbinho tem mais esse foco que eu”, disse Pedro Scooby.
SAÚDE MENTAL
Um tema cada vez mais debatido no esporte é a saúde mental. Neste ano, o surfista Filipe Toledo se afastou do Circuito Mundial para se recuperar de problemas na mente. Pedro Scooby destacou a importância dos cuidados, durante uma participação em uma ação da Oakley para jovens da Rocinha, e contou que sempre teve essa preocupação na vida.
“Desde novo, a saúde mental sempre foi a prioridade na minha vida. Acho muito importante as pessoas não terem vergonha de falar se elas estão passando por alguma dificuldade. O grande problema da saúde mental, sei que é difícil, mas é a pessoa ter vergonha de falar se está passando por algumas dificuldades, passando por problemas relacionados à saúde mental, que precisa de ajuda. Acho que falar é importante. E quem não tem, poder ouvir as pessoas também é muito importante, poder ajudar a estender a mão”, disse Pedro Scooby.
BEATRIZ CESARINI E ALEXANDRE ARAUJO / Folhapress