SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O homem cuja libertação de uma prisão da ditadura na Síria foi gravada e exibida pela CNN na verdade era um agente do regime de Bashar Al-Assad, disse a emissora americana nesta segunda-feira (16), citando relatos locais.
A jornalista Clarissa Ward, correspondente internacional da CNN enviada à Síria após a queda de Assad, registrou o momento em que rebeldes encontram o homem em uma cela trancada pelo lado de fora no interior de uma prisão em Damasco. Ele se identificou como Adel Ghurbal e disse estar na cela há três meses sem ver a luz do sol.
No vídeo publicado pela CNN no último dia 11, o homem aparenta estar confuso e segura o braço de Ward com força até sair da prisão neste momento, ao se ver em ar livre, ele exclama: “Deus, é a luz”. Ele afirmou não saber que o regime de Assad tinha sido derrubado.
As imagens divulgadas pela CNN viralizaram nas redes sociais, e Ward disse que “em todos os meus 20 anos como jornalista, esse foi um dos momentos mais extraordinários que já testemunhei”. Entretanto, alguns usuários do X questionaram a veracidade do relato, apontando que o homem aparentava estar limpo e com a barba aparada, além de não demonstrar sinais de tortura.
Agora, a CNN afirma ter obtido imagens e relatos locais confirmando a verdadeira identidade do prisioneiro: trata-se de Salama Mohammad Salama, um primeiro-tenente da diretoria de inteligência da Força Aérea da Síria. A prisão onde ele foi encontrado era administrada por esse mesmo órgão, acusado de torturar oponentes políticos da ditadura de Assad.
A emissora disse ter confirmado a identidade de Salama por meio de fotos, também publicadas em redes sociais, que mostram o militar em um escritório do governo. A CNN utilizou software de reconhecimento facial para atestar com 99% de confiança que a pessoa na foto era a mesma encontrada na prisão.
Moradores da cidade de Homs, onde Salama disse morar, afirmaram à CNN que ele era responsável por realizar blitzes da inteligência militar na região, e que era conhecido por extorquir e perseguir civis.
Ainda não se sabe por que ele estava na cela, à qual a CNN só teve acesso depois que um dos rebeldes que acompanhava a reportagem atirou na tranca para abrir a porta. A emissora cita o site de notícias sírio Verify-Sy, o primeiro veículo a confirmar a real identidade de Salama, para dizer que o militar estava preso há menos de um mês por acusações de corrupção.
A localização de Salama hoje é desconhecida. Depois de ser atendido por paramédicos, ele foi entregue a supostos familiares em Damasco, última vez que foi visto em público.
Redação / Folhapress