Cláudio Castro diz que prisão de Braga Netto é ‘excesso de criminalização’

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou ver um “excesso de criminalização” na prisão do general da reserva Walter Braga Netto determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito da investigação que apura o planejamento de um golpe estado após as eleições presidenciais de 2022.

Castro disse não conseguir encontrar elementos claros contra o ex-ministro da gestão Jair Bolsonaro (PL), seu aliado, e lamentou que “o Brasil está perdendo a capacidade de virar a página”.

“É muito triste que o Brasil não consiga sair dessa pauta da polarização. É muito triste que toda vez que um governo sai –isso aconteceu com o pessoal da esquerda, agora acontece com o da direita–, haja um excesso de criminalização”, disse ele na quarta-feira (18), durante entrevista de balanço sobre o fim do ano com jornalistas no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador.

“Acho que o Brasil está perdendo a capacidade de virar a página. Quem ganhou, ganhou. Vai seguir. Quem perdeu, perdeu. Vai esperar quatro anos. As coisas ficam vivas ainda. Sempre muita criminalização da política.”

Braga Netto foi preso sob suspeita de atuar para atrapalhar as investigações sobre o suposto plano de golpe. Ele também é investigado de ter participado do alegado plano para monitorar, prender e matar Moraes e o presidente Lula.

A defesa do general da reserva negou que ele tenha obstruído as investigações e que isso será provado. Em manifestação anterior, ele afirmou que “nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém”.

Castro chegou a comparar as investigações com a Operação Lava Jato, cujas decisões têm sido anuladas por tribunais superioras após supostos excessos de juízes e promotores envolvidos no caso.

“Achei que esse tempo tinha passado com o fim da Lava Jato. Mas acho que ele está mais vivo do que nunca. Às vezes a gente tenta achar elementos claros e a gente não consegue achar elementos tão claros assim para algumas situações”, disse o governador.

“Talvez esteja chegando a hora das cortes voltarem mais para o papel de corte. A política, saber perder. O bom perdedor também é um ativo importante. A gente não tem bons perdedores nem bons vencedores.”

Castro foi eleito com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também investigado no inquérito do STF.

Como mostrou reportagem da Folha, a decisão de Moraes de mandar prender Braga Netto reacendeu um debate jurídico sobre prisões preventivas no Brasil e gera divergências entre especialistas.

A compreensão de parte dos advogados e professores de direito ouvidos pela Folha é a de que a fundamentação utilizada pelo magistrado se sustenta diante dos elementos por ora divulgados.

Outra linha contesta o peso atribuído à delação retificada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, bem como o enquadramento das condutas do general como obstrução de Justiça.

ITALO NOGUEIRA / Folhapress

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