RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Lavoura Arcaica”, romance clássico de Raduan Nassar, será adaptado para o teatro em 2025, meio século depois de sua publicação. Dirigida por Jorge Farjalla, a megaprodução deve entrar em cartaz em outubro, mês em que o escritor comemora 90 anos. Ao todo, o espetáculo terá 25 artistas em cena. Nos próximos meses, a produção, assinada por Simone Kontraluz, buscará atores, por todo o país, para formar o elenco.
“O espectador vai vivenciar o texto, como se eu o convidasse para um jantar na minha fazenda”, afirma o diretor, que tem ascendência libanesa, assim como o escritor. “O incesto, para mim, não está em primeiro plano, mas o amor e o ritual.” Farjalla assina a dramaturgia, com Priscila Coutinho, especialista na obra de Nassar pela Sorbonne, de Paris, na França. Já a supervisão da montagem será do cineasta Ruy Guerra.
“Lavoura Arcaica” conta a história de André, um jovem que do interior, que abandona a sua família para morar numa cidade pequena. André protagoniza uma fuga em três tempos, se libertando da hierarquia rígida da lavoura, do moralismo paterno e, sobretudo, da paixão que sente por sua irmã, Ana. Em 2001, o livro se tornou um filme, dirigido por Luiz Fernando Carvalho, que ganhou mais de 50 prêmios.
Vencedor do Prêmio Camões, a mais importantes distinção da literatura em língua portuguesa, Nassar é considerado um dos maiores romancistas brasileiros da segunda metade do século 20. Além de “Lavoura Arcaica”, o autor publicaria somente “Um Copo de Cólera”, em 1978, e, quase duas décadas depois, o livro de contos “Menina a Caminho”. Nassar deixou de escrever desde então e se isolou em Pindorama, cidade no interior de São Paulo, onde nasceu. Atualmente, o escritor reside em Buri, também no interior paulista.
Neste ano, Farjalla, o diretor, assinou uma montagem de “Álbum de Família”, que marcou a inauguração do Teatro Estúdio, no centro de São Paulo, e o musical “Clara Nunes, A Tal Guerreira”, com a cantora Vanessa da Mata no papel-título. “O teatro é uma arte tão imagética que pode recriar uma identidade para o texto”, diz Farjalla.
GUSTAVO ZEITEL / Folhapress