MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) – O noivo da médica alagoana Carolina Pimentel Canales de Albuquerque, 24, que morreu em um incêndio em Bancoc, capital da Tailândia, escreveu uma carta em suas redes sociais lamentando o que tinha acontecido. Ele afirmou que ambos viviam o maior sonho dela, que era conhecer o país, complementado com o sonho do casal, que foi o noivado seis dias antes do acidente.
Fernando Ressureição, 28, arquiteto e urbanista e estudante de medicina, definiu Carolina como “inteligente, carinhosa, prestativa, intensa, determinada, estudiosa, amiga, bondosa, trabalhadora, sincera -a beleza física era pouco perto da do seu interior”.
Sobre a viagem, Fernando definiu que viveram os melhores momentos de suas vidas. “Muito amor, carinho, risadas, diversão, realizações e plano de um futuro compartilhado. Estávamos plenos”, iniciou.
“Vimos e revimos nosso momento do noivado por horas ao longo dos dias. Nos sentíamos no topo do mundo, preparados para retornar para nossas famílias e comemorar nossas conquistas e um novo ano com quem amamos, com malas prontas e só esperando nosso horário de retorno. Mas como na vida nada é certo fomos surpreendidos – acordados pelo inferno – o qual inclusive não acaba”, disse.
O fogo começou no 5º andar do hotel Ember, às 21h20 do dia 29 de dezembro (11h20 no horário de Brasília), e se espalhou por todo o edifício. Amigos do casal afirmaram que eles acordaram com a fumaça e tentaram fugir. Em algum momento, se desencontraram.
Fernando conseguiu pular pela janela de outro quarto, sofrendo uma fratura na queda. Carolina, segundo o jornal local Khaosod, ficou desorientada e correu em direção ao quarto 511, onde começou o fogo.
Ela morreu no local. Outros dois homens foram hospitalizados, mas não sobreviveram. Havia 75 pessoas no albergue, 34 das quais foram resgatadas do terraço. Carolina e Fernando fariam a viagem de volta ao Brasil no domingo e na segunda-feira (30).
“Desde então, vivo um pesadelo constante sem a presença do meu amor ao meu lado, com os sonhos ceifados. (…) Minha cabeça ferve. Dormir e acordar são pesadelos. Me pergunto porque não descansamos juntos. Mas, se a vida exigiu essa punição (muitos me disseram que é uma bênção – me questiono quanto a isso), eu aceito e vou procurar uma razão e uma forma de sobreviver, levando sempre um pedaço do seu amor, de seus ensinamentos, características que me completavam e fazendo o melhor pelo próximo”, continuou Fernando.
A mãe de Carolina, a médica Lara Canales, disse que estava com o coração sangrando e a alma dilacerada.
“Perdi meu grande amor, o coração de minha família. Não tenho forças para seguir… Quero te encontrar o mais rápido possível, minha menina. Seu amor era único e eu preciso desse amor”, publicou nas redes sociais.
A missa de 7º dia da médica está marcada para este sábado (4), em Maceió.
JOSUÉ SEIXAS / Folhapress