A Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto confirmou a presença do vírus da febre amarela em quatro macacos bugios encontrados mortos nas proximidades do Biotério Central do campus da USP, na semana entre o Natal e o Ano Novo. O laudo oficial, emitido pelo Instituto Adolpho Lutz, reforça a importância da vacinação como principal medida preventiva contra a doença.
A febre amarela é uma doença aguda, transmitida na forma silvestre, ou seja, nas matas, pela picada dos mosquitos Haemagogus e Sabethes. Já na área urbana a transmissão é pela picada do Aedes aegypti, o mesmo que transmite a dengue, zika e chikungunya.
Os primatas não humanos, como os bugios, não transmitem a doença, entretanto, desempenham um papel crucial no monitoramento da febre amarela silvestre, funcionando como sentinelas para a circulação do vírus. “Esses casos reforçam a importância de medidas preventivas como a vacinação, que é segura, eficaz e a principal ferramenta contra a febre amarela”, destacou o secretário da Saúde, Maurício Godinho.
Medidas de prevenção no campus
A Secretaria Municipal da Saúde, em parceria com a Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto, iniciou campanha de vacinação na Unidade Básica de Atenção à Saúde (Ubas) da USP, onde carteiras de vacinação estão sendo avaliadas e doses aplicadas em moradores, estudantes, professores, funcionários, trabalhadores terceirizados e de outros órgãos do campus.
De acordo com o secretário da Saúde, Maurício Godinho, a vacinação é uma ação prioritária: “Estamos começando com a Guarda Universitária nesta segunda-feira (6) e, ao longo da semana, moradores e outros grupos do campus serão imunizados. Posteriormente, a vacinação também será incluída na matrícula de novos alunos”, explicou.
Ainda, de acordo com o secretário, a vacinação também será estendida aos corredores ecológicos, como condomínios próximos às áreas de mata. Além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) oferecem a vacina para todos que conferirem suas carteiras de vacinação e verificarem a necessidade da dose. “Não há necessidade de desespero, mas é fundamental que todos verifiquem suas carteiras de vacinação e, se necessário, procurem as Unidades Básicas de Saúde mais próximas”, reforçou o secretário.
Além da vacinação, medidas de proteção incluem o uso de roupas de mangas compridas, calças, repelentes e a restrição de acesso aos locais de mata no campus para pessoas não vacinadas até 10 dias após a aplicação da vacina. A Prefeitura de Ribeirão Preto orienta que a vacinação contra a febre amarela seja priorizada por todas as faixas etárias: crianças a partir dos 9 meses de idade; qualquer pessoa até 59 anos que nunca tenha sido vacinada; idosos (60 anos ou mais) devem ser vacinados caso não tenham contraindicações e estejam incluídos em áreas de risco, mas é necessária avaliação médica.
Lea Assed Bezerra da Silva, prefeita do campus informou que, após se reunir com o secretário da saúde e com a Vigilância Sanitária, foi disponibilizado local para vacinação no próprio campus – Unidade Básica de Assistência à Saúde (Ubas), e que a quantidade de doses de vacina disponíveis será suficiente para atender toda a comunidade do campus – docentes, servidores técnicos e administrativos, terceirizados e alunos. “Além disso, a Prefeitura do Campus está atuando de forma articulada com as Unidades de Ensino, para estimular e coordenar a vacinação.” Já a vice-prefeita, Eliana Franco Neme, lembra a importância dos bugios como sentinelas de alerta à circulação do vírus.
Situação epidemiológica na cidade
Apesar de Ribeirão Preto não registrar casos urbanos de febre amarela desde 1942, ocorreu um óbito em 2016, relacionado à exposição ao ambiente silvestre. A situação atual reforça a vigilância contínua para evitar novos casos em humanos e para controlar a propagação do vírus.
Dados da secretaria apontam ainda que 4 mil crianças não completaram o ciclo vacinal da febre amarela, composta por duas doses aos 9 meses e aos 4 anos de idade. “Estamos realizando uma busca ativa por essas crianças. A secretaria está entrando em contato com todas essas famílias para que as crianças sejam vacinadas. Não é preciso que a população faça filas nos postos de saúde”, disse o secretário. Após esta idade, uma única dose da vacina garante a proteção.
Atualmente, não há nenhum registro de febre amarela em humanos em Ribeirão Preto. Em áreas de mata, o vírus é transmitido pelos mosquitos silvestres Haemagogues e Sabethes e na área urbana, pelo Aedes aegypti, também transmissor dos vírus da dengue, zika e Chikungunya.
**Por Jornal da USP