SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado de trabalho brasileiro deve desacelerar neste ano. Se entre janeiro e novembro de 2024 o Brasil registrou 2,2 milhões de novas vagas formais, para 2025 a previsão é que o país crie 1,2 milhão de empregos com carteira assinada.
Os dados são de um estudo feito pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), entidade que representa 1,8 milhão de empresários.
O cenário previsto considera uma conjuntura econômica mais desafiadora para este ano, com juros mais altos e risco fiscal pesando nas decisões de empresas e no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
Com menor crescimento econômico, a tendência vista pela FecomercioSP é que o mercado de trabalho também responda com menor expansão.
Jaime Vasconcellos, assessor econômicos da federação e responsável pelo estudo, diz que o saldo entre admitidos e desligados sempre vai responder ao ritmo do PIB. “Como nós temos mais desafios conjunturais para a economia em 2025, teremos também mais desafios conjunturais para a expansão do mercado de trabalho carteira assinada”, diz.
A estimativa da entidade é que até 1,5 milhão de vagas sejam abertas neste ano. No entanto, Vasconcellos destaca que esse é o cenário otimista, em que a economia brasileira surpreende para cima e cresce 2,5%.
“Mas esse não é o cenário mais provável. Seguindo as expectativas de mercado com o boletim Focus dizendo que o PIB deve estar crescendo esse ano por volta de 2%, o mais provável é que o saldo de empregos fique em 1,2 milhão.”
Sobre o peso do risco fiscal nesse cálculo, o economista diz que a incerteza sobre a saúde das contas públicas impacta as expectativas de inflação o que, por sua vez, pressionam por uma política monetária (juros) mais restritiva, respingando no consumo das famílias, nos investimentos das empresas e no crescimento do PIB.
“O risco fiscal é um dos principais pilares deste ambiente mais incerto, mais desconfiado que nós temos para 2025”, afirma.
Caso a estimativa mais provável da FecomercioSP se confirme, o Brasil teria o seu pior patamar do mercado de trabalho formal desde 2020, ano que fechou com saldo negativo de 190 mil vagas em função da pandemia de Covid-19.
O economista pondera que projetar a abertura de vagas é um desafio, já que se trata de um indicador de investimento empresarial, que depende de caixa e confiança das companhias.
Contudo, ele afirma ser possível observar padrões nos últimos anos. Desde o fim da pandemia, cerca de 600 mil vagas foram criadas a cada ponto percentual de crescimento do PIB. Mantendo essa trajetória de proporcionalidade, é possível projetar que, com a economia subindo 2% em 2025, pelo menos 1,2 milhão de novas vagas sejam criadas.
Para Vasconcellos, esse cenário é longe do desprezível, mas menos significativo que 2024, ano que deve fechar com 1,8 milhão de novos empregos celetistas nos cálculos da federação.
“Se olharmos o saldo acumulado de 2021, 2022, 2023 e a projeção para 2024, estamos falando de 8 milhões de empregos com carteira assinada gerados no Brasil em quatro anos. Se acrescer 1,2 milhão neste ano, é um número significativo, ainda que demonstre arrefecimento.”
THIAGO BETHÔNICO / Folhapress