SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ativista paquistanesa e Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai denunciou, neste domingo (12), a destruição do sistema educacional na Faixa de Gaza devido aos ataques de Israel ao longo de mais de um ano, desde o início do conflito contra o grupo terrorista Hamas.
“Eles bombardearam todas as universidades, destruíram mais de 90% das escolas e atacaram indiscriminadamente civis que se refugiavam em prédios escolares”, afirmou Malala durante cúpula sobre a educação de meninas em Islamabad, capital do Paquistão. “Continuarei denunciando as violações israelenses do direito internacional e dos direitos humanos”, disse a ativista diante de dezenas de representantes de países muçulmanos. “As crianças palestinas perderam suas vidas e seu futuro.”
Israel afirma que os combatentes do grupo terrorista se escondem nas escolas de Gaza, onde também se refugiam as famílias.
Em sua fala, Malala também pediu aos líderes muçulmanos que “não deem legitimidade” ao Talibã, regime no comando do Afeganistão, e pediu que se manifestem contra o tratamento dado pelo grupo fundamentalista islâmico ao sexo feminino. “Os talibãs não consideram as mulheres seres humanos” e “escondem seus crimes sob a aparência de justificações culturais e religiosas”, afirmou a ativista.
Em 2012, quando tinha 15 anos e defendia o direito das meninas à educação no Paquistão, Malala foi baleada no rosto por talibãs paquistaneses em um ônibus escolar no remoto vale de Swat, perto da fronteira com o Afeganistão.
Após o incidente, ela foi levada para o Reino Unido, onde vive, e se tornou porta-voz mundial do direito à educação das meninas. Em 2014, aos 17, tornou-se a vencedora mais jovem do Prêmio Nobel da Paz
Ainda durante seu discurso em Islamabad, Malala incentivou líderes muçulmanos a apoiar os esforços para tornar o apartheid de gênero um crime sob a lei internacional.
Malala disse que as vozes muçulmanas devem liderar contra as políticas do Talibã, que proibiram meninas adolescentes de frequentar a escola e mulheres de frequentar universidades. “No Afeganistão, uma geração inteira de meninas será privada de seu futuro”, disse. “Como líderes muçulmanos, agora é a hora de levantar sua voz, usar seu poder.”
O Talibã diz respeitar os direitos das mulheres de acordo com sua interpretação da cultura afegã e da lei islâmica. Porta-vozes do governo talibã não responderam a um pedido de comentário sobre as declarações de Malala.
Nenhum governo estrangeiro reconheceu formalmente o Talibã desde que assumiu o controle do Afeganistão em 2021, e diplomatas disseram que passos em direção ao reconhecimento exigem uma mudança de curso em relação aos direitos das mulheres.
A cúpula, organizada pela Organização para a Cooperação Islâmica e pela Liga Mundial Muçulmana, incluiu dezenas de ministros e estudiosos de países de maioria muçulmana.
O evento foi sediado no Paquistão, que teve relações tensas com o Talibã afegão nos últimos meses por acusações de que os militantes estão usando o Afeganistão para lançar ataques ao Paquistão, acusações que o Talibã nega.
Redação / Folhapress