BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do governo Lula (PT), Paulo Teixeira, disse que o ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Tremembé (SP), que deixou dois mortos e seis feridos, foi motivado por uma disputa de lote.
Ele esteve presente no velório de Valdir do Nascimento e Gleison Barbosa, que morreram na ação. Entre os feridos, um continua em estado grave.
“[Os atiradores] quiseram subtrair um lote, eles [os assentados] foram defender o lote. Isso aconteceu às cinco da tarde. Às oito da noite, chegou esse grupo de vândalos e atirou, levando à morte já dois desses assentados”, disse Teixeira em entrevista em Tremembé.
Coordenador do MST, Gilmar Mauro falou que a região que foi alvo do ataque é uma área de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas.
“Portanto, se tornaram motivo da sanha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e depois lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios, de especulação imobiliária”, disse.
As falas do ministro e do líder do MST divergem da afirmação do delegado da Polícia Civil de Taubaté, que disse no sábado (11) que o confronto foi motivado por um desentendimento sobre a negociação de um terreno dentro da área do assentamento.
“A intenção do grupo [que atacou] não era tomar posse. Era uma cobrança no sentido de que [alguma] pessoa não estava aceitando a negociação. Foi uma desinteligência totalmente fora de controle por motivos internos da organização do assentamento”, disse o delegado Marcos Ricardo Parra.
A polícia prendeu no último sábado (11) um homem conhecido como “Nero do Piseiro”, suspeito de ter chefiado o ataque. Ele foi reconhecido por testemunhas que viram os criminosos chegando ao local em carros e motos e momentos depois atiraram.
As investigações seguem para identificar outros envolvidos na ação, que também será apurada pela Polícia Federal após determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
O velório das duas vítimas também contou com a presença da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo.
“A gente sabe que aqui em São Paulo precisa dar uma atenção muito especial, porque nossos movimentos estão sob linha de fogo e de tiro. O nosso povo não pode perecer por força dos algozes, que são aqueles poucos que acham que são donos de todas as riquezas do nosso país”, disse a ministra.
Além de um integrante do MST que está internado em estado grave, outros quatro dos feridos passaram por cirurgia e não apresentam risco de morte. Um dos encaminhados ao hospital recebeu alta ainda no sábado.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress