SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A concessionária Allegra Pacaembu apontou uma obra realizada pela Prefeitura de São Paulo do lado de fora do estádio do Pacaembu como possível causa de duas inundações que atingiram o espaço em dezembro.
De acordo com a empresa, uma tubulação de águas pluviais, remanejada pelas obras, rompeu-se durante as chuvas do dia 21 de dezembro, quando o estádio receberia a final nacional da Taça das Favelas, que acabou cancelada. Depois, nova inundação atingiu o Pacaembu e o Museu do Futebol no dia de Natal.
A hipótese dada pela Allegra é que a tubulação tenha sido bloqueada por entulho de uma intervenção da prefeitura na rua Capivari, perto da entrada social do complexo. “Tais obras foram demandadas após problemas nas redes urbanas de captação de águas pluviais localizadas bem próximas ao portão sul”, disse a empresa.
Em nota, a prefeitura afirmou que “uma tubulação se rompeu devido à pressão das águas e os reparos necessários já estão em fase adiantada”.
Fotos anexadas a um relatório enviado no dia 27 de dezembro à Secretaria Municipal de Esportes (Seme), obtido pela Folha, mostram um grande buraco na calçada em frente a uma escadaria que liga a Capivari à rua Itaquera.
“As fotos, feitas em 2022, comprovam que problemas externos ao Complexo do Pacaembu levaram materiais como entulho, pedras e madeira para dentro dos dutos das redes municipais, localizados nas ruas próximas, que seguem para dentro do complexo”, escreveu a Allegra no relatório.
Outras fotografias, mais recentes, de 2024, mostram um caminhão da Enel afundado em um buraco diante da mesma escadaria. “O endereço tem sido constantemente afetado por recalques importantes, rupturas no passeio, entre outras ocorrências, fator que contribui e muito para os riscos desses materiais que, a cada incidente, acabam entrando na tubulação municipal.”
O duto de passagem da água das chuvas, que vem da avenida Doutor Arnaldo em direção ao Piscinão do Pacaembu, na praça Charles Miller, foi remanejado pela Allegra para construção de um prédio onde antes ficava o tobogã.
Uma inspeção de vídeo com robôs mostrou, sempre de acordo com a Allegra, uma obstrução entre dois poços de visita. Escavações depois confirmaram a hipótese de colapso da tubulação neste trecho, que levaram à obstrução do fluxo da rede de drenagem, provocando as inundações.
Na sexta-feira (10), o Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulo cobrou explicações da Secretaria Municipal de Esportes sobre a inundação. Em ofício, o presidente do TCM, Domingos Dissei questionou as causas do alagamento e perguntou sobre as providências que vêm sendo tomadas.
Em nota à reportagem, a concessionária disse que “tão logo as chuvas do fim do ano permitiram, a Concessionária retirou os detritos e executou os reparos”.
“A finalização dessa intervenção ocorreu em poucos dias e o local passa hoje (13) por ajustes externos à tubulação, na alameda Leste do Estádio, tudo dentro de um cronograma seguro para a realização da final da Copinha de 2025”, disse a Allegra. Já a prefeitura informou que “os reparos necessários já estão em fase adiantada”.
A final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, em 25 de janeiro, está marcada pela FPF (Federação Paulista de Futebol) para acontecer no estádio, no que seria a reinauguração oficial do Pacaembu.
No ano passado, a Allegra também prometia realizar a final da Copinha no estádio, que ainda era um canteiro de obras, sem gramado. Na ocasião, a FPF desistiu do plano a nove dias do jogo, em 16 de janeiro.
Mais tarde, o CEO da Allegra, Eduardo Barella, reconheceu que falhou ao criar a expectativa e prometeu que, em “final de junho, começo de julho”, o estádio estaria apto a receber futebol. O primeiro jogo, que valeu como evento-teste, foi só em setembro.
Apesar da promessa de reinauguração do estádio em 25 de janeiro, o complexo esportivo segue em obras, mais de seis meses depois de a Allegra informar à prefeitura que havia terminado as obras obrigatórias. Ainda não há previsão anunciada para a reinauguração do ginásio e da piscina, que também deveriam ter sido entregues no máximo até julho do ano passado.
DEMÉTRIO VECCHIOLI / Folhapress