SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar oscilava e a Bolsa subia nesta segunda-feira (13) em uma sessão volátil marcada por dados de exportações chinesas impulsionadas em dezembro, sinalizações de novas medidas fiscais para 2025 e expectativa de piora na inflação.
Às 14h45, a moeda norte-americana caía 0,14%, cotada a R$ 6,093. Já a Bolsa subia 0,21%, aos 119.116 pontos, com uma sessão favorável para as ações da Petrobras e de bancos.
O dólar abriu a semana em alta nesta manhã, mas passou a cair e começou a rondar a estabilidade. O movimento de subida se firmou a partir da divulgação dos dados sobre a inflação.
O boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo BC (Banco Central), mostrou que a mediana das expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 agora é de alta de 5%, ante 4,99% na semana anterior.
Para o fim de 2026, a projeção para a inflação é de 4,05%, de 4,03% há uma semana.
O BC divulgou ainda uma nova edição da etapa piloto da nova pesquisa Firmus, que traz a percepção de empresas de fora do setor financeiro sobre seus negócios e as principais variáveis econômicas, apontando uma visão mais pessimista para a inflação este ano e no próximo.
O projeto piloto do Firmus tem coletas trimestrais e o resultado divulgado nesta segunda diz respeito à percepção apresentada em novembro por 136 empresas participantes.
De acordo com os dados, as companhias projetavam em novembro que a inflação brasileira fechará 2025 em 4,20% na mediana das estimativas, acima dos 4% apontados no levantamento de agosto.
Em relação à atividade econômica, segundo a mediana da pesquisa Firmus, o PIB deste ano deve crescer 2%. Foi a primeira vez que as empresas foram questionadas sobre a atividade econômica para 2025.
A previsão ficou ligeiramente abaixo dos 2,02% apontados no Focus desta semana.
Mais cedo nesta segunda, os investidores haviam reagido positivamente nesta sessão a promessas de que a equipe econômica do Ministério da Fazenda apresentará novas medidas fiscais em 2025 para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
O mercado tem questionado a capacidade do governo de promover uma estabilização do endividamento público.
A desconfiança aumentou e gerou volatilidade em preços de ativos depois que a equipe econômica anunciou no fim do ano um pacote de ajuste fiscal considerado insuficiente, apresentado em conjunto com uma proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Na última sexta-feira, Haddad disse em entrevista à GloboNews que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que “só o que se faz” na Fazenda é estudar novas iniciativas.
Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.
De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou O Globo.
“Hoje o mercado está um pouco menos pessimista em relação ao fiscal, que já vimos notícias bem interessantes e melhora na perspectiva para 2025”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
“Vejo uma força-tarefa do governo para melhorar a credibilidade em relação ao governo a fim de mostrar compromisso com o fiscal”, acrescentou.
Os agentes do mercado financeiro também acompanharam comentários do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento do Bradesco Asset.
Segundo Guillen, a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro fiscal ainda demanda atenção.
O diretor apontou que a percepção de mercado captada pelo BC no questionário pré-reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) piorou em relação à situação fiscal.
“Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida”, disse.
Também afirmou ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e está indo para “bastante contracionista”.
Em sua reunião de dezembro, o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual, prevendo mais dois ajustes equivalentes em janeiro e março, o que levará a taxa a 14,25% ao ano, se confirmada essa orientação.
No cenário externo, os investidores reagiram a notícia de que as exportações chinesas aumentaram 10,7% em dezembro em relação ao ano anterior, segundo dados da alfândega nesta segunda-feira,
O número superou a previsão de crescimento de 7,3% em uma pesquisa da Reuters com economistas, e melhorando em relação ao aumento de 6,7% registrado em novembro.
Já as importações surpreenderam positivamente com um crescimento de 1,0%, o desempenho mais forte desde julho de 2024. Economistas esperavam um declínio de 1,5%.
As exportações têm sido um motor importante de crescimento para a economia chinesa, que ainda está sobrecarregada por uma crise imobiliária prolongada e pela confiança instável do consumidor.
Além disso, os chineses e o mundo se preparam para o aumento dos riscos comerciais sob a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos.
Trump, que retornará à Casa Branca na próxima semana, propôs tarifas pesadas sobre os produtos chineses, provocando temores de uma nova guerra comercial entre as duas superpotências.
Na sexta-feira, o dólar fechou em forte alta de 1%, cotado a R$ 6,102, e a Bolsa caiu 0,77%, aos 118.856 pontos.
O dia foi embalado pela divulgação dos dados de inflação do Brasil em 2024, medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou 2024 em 4,83%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta veio após variação de 4,62% em 2023.
O resultado confirma o estouro do teto da meta de inflação, definido em 4,5%. Com isso, o novo presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, teve de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e justificou que a economia forte, o câmbio e o clima ajudaram no estouro da meta.
Já na ponta internacional, o “payroll” indicou que a criação de vagas de trabalho nos EUA acelerou de forma inesperada em dezembro: foram abertos 256 mil postos, enquanto as estimativas de economistas variavam de 120 mil a 200 mil. A taxa de desemprego caiu para 4,1%.
O dado reforça a abordagem cautelosa do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) em relação aos cortes na taxa de juros este ano.
Redação / Folhapress