SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar tinha queda firme e a Bolsa operava em alta nesta terça-feira (14), com dados de inflação dos Estados Unidos e o retorno do presidente eleito Donald Trump à Casa Branca, que ocorrerá na próxima segunda-feira (20).
Às 10h50, a moeda norte-americana caía 0,79%, cotada a R$ 6,049. Já a Bolsa tinha variação positiva de 0,29%, aos 119.363 pontos, no mesmo horário.
Nesta segunda-feira (13), o dólar fechou próximo a estabilidade, com variação negativa de 0,08%, a R$ 6,097, após uma sessão volátil marcada por dados de recorde nas exportações chinesas em 2024, sinalizações de novas medidas fiscais para 2025 e expectativa de piora na inflação.
Já a Bolsa fechou com leve alta de 0,12%, aos 119.006 pontos, com uma sessão favorável para as ações da Petrobras e de bancos.
Agentes financeiros reagiam positivamente nesta terça a uma reportagem da Bloomberg que sugeriu que membros da equipe econômica de Trump estão considerando movimentos graduais na implementação de prometidas tarifas de importação, reduzindo um pouco do pessimismo em relação à medida.
Mas a notícia apenas impedia o dólar de avançar com maior força no exterior, uma vez que os investidores continuam se ajustando à perspectiva de uma abordagem mais cautelosa do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) em seu ciclo de afrouxamento monetário, depois de dados fortes de emprego divulgados na semana passada.
A leitura da inflação ao consumidor no país em dezembro, a ser divulgada na quarta-feira, pode moldar ainda mais o humor dos mercados e até amplificar a aversão ao risco caso os números venham acima do esperado.
Atualmente, operadores esperam que o Fed mantenha os juros inalterados na reunião deste mês e realize somente um corte de 25 pontos-base até o fim do ano.
Além disso, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,2% em dezembro ante 0,4% no mês de novembro, segundo dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta terça.
No período de 12 meses até dezembro, o índice acelerou para 3,3%, após um aumento de 3,0% em novembro. A aceleração na taxa anual refletiu os preços mais baixos do ano passado, especialmente dos produtos de energia, que saíram do cálculo.
Apesar dos dados, é improvável que o dado mude a previsão de que o Fed deixará a taxa de juros inalterada até o segundo semestre deste ano, em meio à resiliência do mercado de trabalho.
Na cena doméstica, o início do ano tem fornecido poucos impulsos para as negociações, diante da relativa escassez de novos dados econômicos e com a agenda política em Brasília ainda fraca em meio ao recesso do Congresso.
O principal receio do mercado segue sendo o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas, com entrevistas recentes de membros do governo fornecendo algum alívio com a promessa de mais medidas fiscais para este ano.
Na última sexta-feira, Haddad disse em entrevista à GloboNews que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que “só o que se faz” na Fazenda é estudar novas iniciativas.
Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano.
De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025, informou O Globo.
O boletim Focus, divulgado nesta segunda pelo BC (Banco Central), mostrou que a mediana das expectativas para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025 agora é de alta de 5%, ante 4,99% na semana anterior.
Para o fim de 2026, a projeção para a inflação é de 4,05%, de 4,03% há uma semana.
O BC divulgou ainda uma nova edição da etapa piloto da nova pesquisa Firmus, que traz a percepção de empresas de fora do setor financeiro sobre seus negócios e as principais variáveis econômicas, apontando uma visão mais pessimista para a inflação este ano e no próximo.
O projeto-piloto do Firmus tem coletas trimestrais e o resultado divulgado nesta segunda diz respeito à percepção apresentada em novembro por 136 empresas participantes.
De acordo com os dados, as companhias projetavam em novembro que a inflação brasileira fechará 2025 em 4,20% na mediana das estimativas, acima dos 4% apontados no levantamento de agosto.
Em relação à atividade econômica, segundo a mediana da pesquisa Firmus, o PIB deste ano deve crescer 2%. Foi a primeira vez que as empresas foram questionadas sobre a atividade econômica para 2025.
A previsão ficou ligeiramente abaixo dos 2,02% apontados no Focus desta semana.
Os agentes do mercado financeiro também acompanharam nesta segunda comentários do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento do Bradesco Asset, que disse que nada mudou na política do BC para atuação no câmbio.
Segundo Guillen, a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas o quadro fiscal ainda demanda atenção.
O diretor apontou que a percepção de mercado captada pelo BC no questionário pré-reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) piorou em relação à situação fiscal.
“Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida”, disse.
Também afirmou ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e está indo para “bastante contracionista”.
Em sua reunião de dezembro, o Copom elevou a Selic em 1 ponto percentual, prevendo mais dois ajustes equivalentes em janeiro e março, o que levará a taxa a 14,25% ao ano, se confirmada essa orientação.
Redação / Folhapress