Demora em obra de aeroporto adia novos voos e impacta turismo em Fernando de Noronha

RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – O atraso nas obras de requalificação da pista do aeroporto de Fernando de Noronha tem sido alvo de críticas de moradores do arquipélago. As principais reclamações são em relação à ausência de novos voos que poderiam impulsionar o turismo, principal atividade econômica do território.

Atualmente, o aeroporto de Fernando de Noronha recebe obras na pista. Desde outubro de 2022, os voos de aviões a jato estão proibidos no arquipélago após decisão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) por risco à segurança em razão de fissuras no pavimento.

As obras são estimadas em R$ 60 milhões e contemplam 1.845 metros de extensão. Após uma série de adiamentos, as intervenções começaram em setembro de 2024. Inicialmente, a previsão era que a conclusão fosse em novembro. Depois, o desfecho foi adiado para dezembro e agora o Governo de Pernambuco não respondeu se há prazo, após ser consultado pela reportagem.

As obras acontecem durante a noite, já que o aeroporto funciona normalmente durante o dia.

O governo classifica essa limitação de horário como uma complexidade para a realização da obra. “Esse fato, por si só, gera a necessidade de a execução das obras ocorrer em pequenas quantidades, dia a dia”, diz a gestão Raquel Lyra (PSDB).

“A execução diária consiste na realização de fresagem, aplicação de material ligante, aplicação de concreto betuminoso usinado a quente, compactação e realização de pintura de sinalização aeroportuária da área recuperada […] É como se fossem executadas várias pequenas obras na pista do aeroporto, a cada dia, o que, naturalmente, impacta negativamente na produtividade da obra”, acrescenta a secretaria estadual de Mobilidade e Infraestrutura.

O presidente do Conselho Distrital de Fernando de Noronha, Ailton Júnior, disse que tem tido dificuldades em obter informações junto à secretaria e que o governo não tem fornecido detalhes à população local sobre o cronograma.

“Já são mais de dois anos [desde a suspensão] e não é uma coisa nova. É compreensível que os insumos têm que vir do continente, mas não justifica esse tempo todo.”

Segundo a administração estadual, dois dos três trechos da obra foram finalizados e resta a etapa que contempla uma das cabeceiras da pista.

O governo também aponta dificuldades em relação ao porto de Noronha. “O porto conta com uma pequena profundidade, limitando o calado das embarcações que podem atracar no equipamento, e, em consequência, o tamanho dessas embarcações. Esse fato, somado com a geografia da ilha, tornou extremamente complexo o transporte da usina de asfalto, necessária à execução da obra, por exemplo.”

Ainda conforme a secretaria de Mobilidade e Infraestrutura, o Porto de Santo Antônio consegue descarregar apenas um navio por vez. No local, também é por onde chegam as cargas de alimentos e combustíveis para a ilha.

Em setembro de 2024, o governo estadual e a companhia aérea Latam anunciaram um novo voo entre o aeroporto de Guarulhos (SP) e Fernando de Noronha, mas até agora não houve o início da rota em razão do atraso na conclusão da obra.

“São Paulo é um dos principais destinos emissores e estamos sem voos diretos para lá. O avião ATR é muito seguro, mas tem muita gente que é desconfiada. E a escala que tem que fazer no Recife, muita gente não quer”, diz Ailton Júnior.

Donos de pousadas de Noronha também relataram à reportagem, reservadamente, que turistas têm se recusado a ir ao arquipélago por receio de andarem nos aviões do modelo ATR, de turbo-hélices.

Outra reclamação é quanto à cota de bilhetes por voo a preços mais baratos destinada a moradores da ilha principal do arquipélago. “A gente tem uma cota em cada voo. Num avião menor, dificulta. A cota é de cinco pessoas por voo. Se tiver duas famílias de três pessoas, vai ter que se dividir, porque já sobe para seis o total. Num avião maior, a cota é maior”, diz o presidente do Conselho Distrital.

Após a conclusão da obra, uma nova vistoria de técnicos da Anac será necessária para a liberação de operações de aviões de grande porte. Por meio de nota, a agência diz que acompanha o caso é acompanhado ativamente e com celeridade.

Após as restrições, a Gol não realiza mais operações em Noronha. A Azul Linhas Aéreas continuou as rotas para o Recife com aviões do modelo ATR. A VoePass iniciou as operações na localidade em janeiro de 2023.

JOSÉ MATHEUS SANTOS / Folhapress

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