Rússia lança mísseis e drones após maior ataque da Ucrânia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um dia após o maior ataque aéreo da Ucrânia contra a Rússia em quase três anos de guerra, Moscou lançou uma barragem de mísseis e drones contra a infraestrutura energética do vizinho invadido em 2022. Seis regiões ficaram no escuro em meio temperaturas congelantes do inverno.

Segundo a Força Aérea de Kiev, 30 de 43 mísseis de cruzeiro foram abatidos, além de 47 de 74 drones. Os que passaram e também alguns dos destroços dos interceptados não feriram ninguém, mas provocaram grandes danos, principalmente em Kharkiv (norte) e Lviv (oeste).

“Estamos no meio do inverno e o alvo para os russos não muda: nossa infraestrutura de energia”, escreveu no X o presidente Volodimir Zelenski. “Entre os objetivos deles estavam instalações de gás e energia que sustentam a vida do nosso povo”, afirmou.

Em Kiev, as usuais cenas de pessoas se abrigando durante a manhã nas estações do metrô da capital se repetiram. A campanha russa já derrubou mais de 2/3 da capacidade de geração elétrica do país, e a questão do gás tornou-se ainda mais problemática neste ano.

Após manter o trânsito do produto vindo da Rússia rumo à Europa ao longo da guerra, Kiev não renovou o contrato com Moscou neste mês. Com isso, países que ainda dependem do gás russo, como a Eslováquia, passaram a pressionar Zelenski, nominalmente um aliado da Otan, a aliança militar que sustenta o esforço de guerra ucraniano.

Sem parte do gás russo que ficava no país, a Ucrânia agora recorre a seus depósitos no oeste do país —uma das áreas mais atingidas pelo bombardeio. O gás faz parte do sistema de aquecimento, além de ser usado nos fogões.

A ação russa faz parte de uma campanha que começou no ano passado, visando aumentar as dificuldades da população durante os meses frios no Hemisfério Norte. Mas também é uma vingança.

Na terça (14), os ucranianos lançaram o maior ataque aéreo contra o solo russo desde o início da guerra. Foram lançados seis mísseis balísticos ATACMS americanos, seis modelos de cruzeiro britânicos Storm Shadow, além de 146 drones.

Antes, a ação mais dura havia ocorrido em setembro, com 158 drones, mas ainda sem a autorização ocidental de emprego de suas armas de maior alcance contra a Rússia. A Rússia disse ainda que foram abatidos outros dois Storm Shadow perto da Crimeia anexada, sobre o mar Negro.

Houve danos consideráveis, a julgar pela combinação de imagens de redes sociais e o relato das forças ucranianas. Instalações industriais e fábricas de munições em regiões próximas da fronteira, como Briansk, foram atingidas, mas também alvos a mais de 1.100 km.

A escalada na guerra aérea é acompanhada por desenvolvimentos em solo. O Ministério da Defesa em Moscou disse que as forças de Vladimir Putin tomaram uma vila chamada Ukrainka, em Donetsk, a região no leste ucraniano que tem sofrido os maiores avanços russos nos últimos meses.

Tudo isso antecipa a chegada de Donald Trump ao poder no Estados Unidos, na segunda (20). Tanto Putin quanto Zelenski buscam manter suas posições consolidadas para eventuais negociações de paz que o presidente eleito disse querer imediatamente.

O eventual sucesso de um cessar-fogo na Faixa de Gaza passou a entrar na equação: o acordo que está sendo costurado no Qatar só foi em frente com a pressão do enviado de Trump para o Oriente Médio. Tudo indica que, assumindo a Casa Branca com essa crise encaminhada, a Ucrânia seja a próxima na fila.

IGOR GIELOW / Folhapress

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