Rosana Maria Alves Vieira, de 59 anos, uma das vítimas do acidente envolvendo um avião que explodiu na Praia do Cruzeiro, em Ubatuba, recebeu alta do hospital na sexta-feira (17).
A professora e o filho, Caio Lopes, de 29 anos, moradores de Belo Horizonte, capital mineira, não viam o mar há cinco anos e estavam aproveitando as férias para visitar a cidade do Litoral Norte de São Paulo pela primeira vez. Eles presenciaram o acidente, que matou o piloto e feriu outras cinco pessoas, sendo quatro ocupantes da aeronave e a própria Rosana, que foi atingida por estilhaços.
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“Eu me lembro da primeira explosão na grade do aeroporto, e de meu filho gritando ‘corre, mãe’. Quando eu saí correndo, houve uma segunda explosão e algo me atingiu na perna”, disse a mineira, em entrevista ao Tá na Hora Vale de terça-feira (21).
O impacto da explosão arremessou Rosana para longe. De início, ela foi internada na Santa Casa de Ubatuba, onde descobriu que teve um corte profundo e uma fratura no pé. Um dia depois a mulher foi transferida para o Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba, para fazer uma cirurgia no joelho direito.
Após dias de internação, a professora recebeu alta na sexta-feira (17) e pôde voltar para Belo Horizonte com o filho. Agora, ela se dedica à recuperação para retornar ao trabalho.
“É uma coisa inexplicável, como um filme, algo que você nunca imagina que vai acontecer com você (…) Pensei que ia morrer ali, com meu filho. Foi um instante de horror, mas agradeço a Deus por estar aqui com meu filho “, falou a mulher.
Veja a entrevista completa da professora no Tá na Hora Vale:
Além de Rosana, quatro pessoas da mesma família que estavam a bordo do avião também foram hospitalizadas: a empresária Mireylle Fries, de 41 anos, seu marido, Bruno Almeida Souza, de 45 anos, e seus filhos, Lucca Fries Almeida, de 6, e Ayla Fries Almeida, de 4 anos.
A família havia sido inicialmente internada na Santa Casa de Ubatuba, hospital mais próximo do local do acidente. No mesmo dia, os quatro foram transferidos para o Hospital Regional do Litoral Norte, que fica em Caraguatatuba.
Depois, os quatro foram encaminhados para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Apesar da internação, o centro médico não divulga informações sobre a saúde das vítimas. Nesta terça (21), a TV Serra Dourada, de Goiás, apurou que Mireylle havia tido uma melhora na condição de saúde e saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enquanto o restante da família estava estável.

A queda
De acordo com o apurado pelo Portal THMais, a queda da aeronave aconteceu por volta das 10h09 do dia 9 de janeiro deste ano, na rua Guarani, em frente à Pista de Skate, quando o avião, que tentou pousar no Aeródromo Estadual de Ubatuba, varou a pista de pouso, bateu em um alambrado e depois cruzou a pista que margeia a praia, chegando à faixa de areia em chamas.
Segundo o Grupamento de Bombeiros Marítimos (GBMar), a aeronave passou pelo que é chamado de excursão de pista, que é quando o avião sai da pista no momento do pouso ou da decolagem.

Um vídeo, registrado por câmeras de segurança no local, mostra o exato momento em que a aeronave atinge a praia – veja abaixo.
Procurada pelo Portal THMais, a Rede Voa, que administra o Aeródromo Estadual de Ubatuba, informou que “a aeronave saiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás (SWME), com cinco pessoas a bordo e tentou pousar em Ubatuba. As condições meteorológicas eram degradadas, com chuva e pista molhada.”
Ainda segundo a concessionária, “após o pouso, a aeronave ultrapassou a pista, atravessou o alambrado da Cabeceira 09 e atingiu uma mulher e uma criança”.
O avião, de matrícula PR-GFS, modelo 525, foi fabricado em 2008 pela empresa Cessna Aircraft, e tinha capacidade para sete passageiros, além de dois pilotos.
De acordo com o sistema da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave estava com operação negada para táxi aéreo, mas apresentava situação de aeronavegabilidade “normal”.

Investigações
Ao menos três órgãos participam da investigação para descobrir as causas do acidente. A Polícia Civil de São Paulo registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e vai investigar possíveis responsabilidades criminais.
Já o Ministério Público de São Paulo (MPSP), informou que fará uma apuração das circunstâncias com “objetivo de analisar fatos e apontar eventuais responsabilidades, além de verificar a regularidade da aeronave e do Aeroporto de Ubatuba”.
A promotoria pediu informações preliminares à Prefeitura, à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
Um relatório preliminar emitido pelo Cenipa confirmou que, além da vítima fatal – o piloto Paulo Seghetto -, três dos quatro passageiros ficaram em estado grave, além de uma vítima leve.
A análise apontou ainda que outras duas pessoas, que estavam fora do avião, ficaram feridas, sendo que uma ficou em estado grave e outra em estado leve. Não há informações sobre quem seria o pedestre ferido levemente.



