O Brasil tem uma forte tradição em festas juninas. Elas fazem parte do folclore brasileiro e são muito características devido aos aspectos de culinária, danças, brincadeiras e simpatias.
Mas assim como a pandemia de Covid-19 provocou mudanças na economia, na rotina escolar, nas empresas e nos relacionamentos, ela também interferiu nas comemorações juninas. Quem curte reunir amigos, comemorar datas festivas, também precisou de se adaptar à nova realidade imposta pela necessidade do isolamento.
Por isto, quem não resiste a uma animada festa junina regada por comidas típicas, brincadeiras que valem prendas e uma dança com o parceiro perfeito, está usando a criatividade neste momento.
Para não deixar o mês de junho passar em branco, tem família se reinventando na pandemia e festejando em casa, com segurança e sem aglomeração. É o caso da empresária Cristina Gonçalves que adora festa junina e sabendo que não teria a chance de sair para quermesse ou comemorações fora de casa, comemorou o 1º mês do filho Henrique com uma festa improvisada, mas nem por isto, menos animada. Ela investiu na decoração, caprichou no cardápio, colocou marido e os dois filhos vestidos a caráter e curtiu uma noite de festa junina em seu apartamento. “A minha família adora festa junina e este ano por conta da pandemia, a gente sabia que não teria nenhuma festa junina pra gente ir. Então, um dia no instagram, eu vi uma pessoa compartilhando a festa junina na caixa. Achei a ideia muito boa e nesta hora decidi que a gente teria uma festa junina”, afirma a empresária.
Animada, ele organizou tudo. “Encomendei algumas coisas com esta pessoa, alguns itens eu fiz em casa, comprei bandeirinha, decorei a nossa varanda, colocamos uma trilha sonora bem típica e foi assim que a gente conseguiu curtir a nossa festa junina durante pandemia”, relata a empresária que também é mãe do Gabriel de 4 anos.
“Encomendei algumas coisas, alguns itens eu fiz em casa, comprei bandeirinha, decorei a nossa varanda, colocamos uma trilha sonora bem típica e foi assim que a gente conseguiu curtir a nossa festa junina durante pandemia”, diz Cristina Gonçalves
A mesma ideia teve a jornalista Lívia Komar. A família dela também embarcou nesta de comemorar em casa. “ É claro que uma das festas mais amadas do brasileiro, a festa junina , não poderia passar em branco”, disse Lívia.
Ela encarou o fogão, fez pipoca, cachorro quente, bolo, arroz doce e quentão. Também investiu na decoração, já o figurino, sofreu algumas adaptações propostas pelo filho Matteo de 4 anos. “Um porém, Matteo não quis vestir de caipirinha, ele foi de Conde Drácula. Mas tá tudo bem, afinal a festa é nossa e a gente se veste do que quiser, não é mesmo?”, explica a mãe.
Mas tudo vale a pena neste tempo de pandemia, afinal, passando muito tempo com a família reunida em casa, é preciso criar bons momentos.
“Importante criar boas memórias para o filho e garantir momentos leves e felizes”, diz Lívia Komar.
As famílias se reinventam nesta época festiva para o mês de junho não passar sem a festa típica e o mesmo acontece também com empreendedores do ramo alimentício.
Para quem quer fazer um “arraiá” em casa, o mercado está oferecendo ótimas opções para ajudar na organização deste mini evento. Renata Cuachio, proprietária de uma cafeteria no Espaço “A Fábrica”, está com as portas fechadas temporariamente devido à pandemia e viu nesta data uma oportunidade de renda. Ela preparou uma cesta junina, que serve até 4 pessoas, com itens como pamonha, pão de queijo, torta caipira de frango, caldo de feijão e chocolate quente quentão e vinho quente. “Como as festas juninas são muito fortes em nosso país, achamos aí mais uma oportunidade de ganhar dinheiro levando uma cesta diferenciada aos nossos clientes” explicou Renata.
Ela já havia realizado a mesma ação no Dia dos Namorados e acertou ao repetir a iniciativa. “Ficamos mais uma vez surpresos com a aceitação. Percebemos também que as coisas caseiras feitas de maneira tradicional encantam”, completou a empresária.
“Percebemos também que as coisas caseiras feitas de maneira tradicional encantam”, diz Renata Cuachio
Para Carminha Rezende, monitora artística e coordenadora eventos de cultura popular, esta tradição de festa junina passou por várias mudanças ao longo do tempo. “Essas festas na Idade Média aconteciam para celebrar a época de mudanças de estação e colheita. No período colonial, os padres incluíram a figura dos santos”, explica Carminha.
Ela ainda enaltece a criatividade do brasileiro que em tempos de pandemia, não deixou a tradição morrer. “Até festa julina tem, quem pode com a criatividade do brasileiro? Daqui um tempo até festa agostinha vai ter. Eu confesso que estava curiosa para saber da criatividade do brasileiro, nesta época, por conta da pandemia”.
Os santos mais populares
Embora no Brasil seja comum que as festas juninas aconteçam nos meses de junho e julho, a tradição diz que elas devem ser comemoradas durante junho, em homenagem a três santos populares: Antônio, João e Pedro.
O Santo Antônio, popularmente chamado de “santo casamenteiro”, é comemorado no dia 13 de junho, dia da sua morte.
São João é comemorado no dia 24 de junho, dia do seu nascimento. Por ele ser conhecido como santo festeiro, as festas juninas também são conhecidas como festas de São João.
São Pedro é festejado em 29 de junho, data da sua morte. Ele é padroeiro dos pescadores e por isto, muitas cidades costeiras do Brasil têm uma capela em sua homenagem.