“Faltam lideranças mundiais” diz FHC em live promovida pelo Lide Ribeirão

O evento, mediado pelo jornalista Augusto Nunes, por meio da plataforma da organização, abordou questões a respeito do cenário político e econômico nos cenários do Brasil e do exterior para auxiliar os empresários

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Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil - Foto: Divulgação

Faltam lideranças no mundo capazes de enfrentar os desafios impostos pela atual situação mundial, incluindo a pandemia causada pelo coronavírus. Essa é a opinião do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que participou, nesta quinta (25), de uma live promovida pelo Lide Ribeirão.

FHC abordou temas envolvendo a análise do cenário financeiro e político do Brasil e do exterior para contribuir com a atuação dos empresários de diversos setores visando fomentar as práticas de sucesso. O evento foi mediado pelo jornalista Augusto Nunes, que possui passagem pelos principais veículos de comunicação do país e é considerado uma referência na cobertura do noticiário político e econômico.

De acordo com Fernando Henrique Cardoso, a liderança é essencial nos momentos de crise, principalmente, em relação a postura dos ocupantes de cargos estratégicos. “Já tivemos pessoas como Bill Clinton e Nelson Mandela que imantam a posição de liderança, eles conseguem te entusiasmar. Quem exerce a liderança deve ter a noção do valor simbólico, que a palavra tem uma outra dimensão, que ele não é uma pessoa comum”, afirma Cardoso.

Economia

A respeito do cenário econômico, o ex-presidente diz acreditar que o Brasil irá se recuperar em um período de médio prazo e que a agricultura e o setor financeiro serão fundamentais para essa retomada.

“O Brasil tem grande possibilidade de recuperação por meio da agricultura, temos alguma dificuldade no setor industrial, mas o setor financeiro também aprendeu bastante e tem condições de ajudar na recuperação. Temos uma mão de obra abundante e setores com empresários fortes que vão continuar e isso ajudará a economia. Por outro lado, é importante olhar o equilíbrio fiscal com atenção no futuro. Se tivermos sorte vamos levar mais uns dois ou três anos para se recuperar na economia”, observa Cardoso.

Em relação aos impactos da pandemia da Covid-19, o ex-presidente diz que é necessário ser razoável e buscar o apoio de pessoas que entendem sobre o assunto para contribuir com as decisões.

“É preciso ser razoável para retomada das atividades, ter racionalidade. Entendo que ninguém aguenta ficar muito tempo parado. Nas crises é necessário ter humildade para saber que não pode fazer tudo sozinho, tem que chamar as pessoas que sabem, contar com essa ajuda para solucionar os problemas e explicar a situação aos envolvidos. Além disso, é preciso transmitir esperança e encontrar caminhos”, afirma Cardoso.

Estabilidade política

O ex-presidente ressaltou ainda que a situação política e o sistema democrático no Brasil não correm nenhum risco em razão da polarização de grupos ideológicos ou partidários. “Não temos um clima de risco da democracia no Brasil. Não acho que os militares estejam com disposição para uma intervenção. É preciso ter cuidado com a democracia, mas não acredito que tenha clima para retorno de um regime autoritário. O que pode acontecer é a democracia ficar frágil, mas não estamos em um cenário que possa representar a perda da liberdade”, avalia Cardoso.

Em relação a atuação e decisões tomadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) e Câmara dos Deputados, o ex-presidente afirma que os poderes estão atuando conforme os papéis estabelecidos.

“O Supremo precisa cumprir a lei. A opinião pública se divide, diverge, mas o STF precisa seguir o que diz a legislação. No parlamento, eu vejo um Congresso forte e que defende os interesses nacionais. É importante esse tipo de liderança”, diz Cardoso.