O preço da bebida mais consumida pelo brasileiro, o café, está cada dia mais alto. Começou a subir no final de 2023, quando países como Vietnã e Indonésia produziram menos. Ano passado a safra do Brasil também foi bem menor, por causa da seca e das altas temperaturas, com o consequente disparo dos preços. A saca do café Conilon, de 60 kg , está cotada a R$ 2 mil. Em 2023 ficava em torno de R$ 750.
Em janeiro, a saca do Arábica subiu 6,8%, passou de R$ 2.300, o maior valor em 28 anos. O economista Luciano Nakabashi, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) de Ribeirão Preto, explica o porquê do aumento do café, que é justificado por vários fatores: “A crise cambial, a redução da oferta em países produtores como Brasil, Indonésia e Vietnã, por causa da crise climática, além de especuladores, que se aproveitam do cenário para especular que o café vai aumentar ainda mais”.
Embora a oferta tenha diminuído, o consumo da bebida cresceu no Brasil e em outros países também. O clima está afetando também outras culturas agrícolas. A despeito disso, uma quantidade maior de café está saindo pelos nossos portos. As exportações bateram recorde.
O ano passado terminou com números acima de 50 milhões de sacas, entre torrado, solúvel e o café verde, ou seja, há aumento na exportação, aliado a toda demanda que existia. Foram embarcados safras e estoques.
Cenário desafiador
O cenário é desafiador. As projeções de safra para 2025 não são boas. O produto já é o mais caro da cesta básica, com alta de 37,4% em 2024 sobre o ano anterior. O preço pode continuar amargo, mesmo assim, é difícil achar quem fique sem um cafezinho.
O brasileiro bebe cerca de 1.430 xícaras por ano. Até dezembro, um pacote do café tradicional de 1 kg podia ser comprado por R$ 48,90.
A China se tornou um novo mercado para o café brasileiro. Desde 2023, o país saiu da 20ª para a 6ª posição no ranking dos principais importadores de café do Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial do grão. Cerca de 40% do que é colhido no Brasil ficou no mercado interno em 2024.
**Por Jornal da USP