Terminou em impasse uma reunião, realizada pela prefeitura de Ribeirão Preto, para determinar o lockdown na cidade. A medida foi aprovada pelo comitê técnico que lida com pandemia, mas acabou barrada pelo comitê de transição, que define a aplicação de medidas sobre o tema. Novas conversas devem ser realizadas nos próximos dias.
A reportagem falou com três pessoas que participaram de ambas as reuniões e apurou que a situação expõe um racha entre representantes do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), que não querem o lockdown, e representantes da área médica, a favor da medida.
“Mesmo com todos concordando que é preciso fazer alguma coisa mais enérgica para assegurar a saúde das pessoas, não houve a decisão sobre o lockdown”, conta Rodrigo Stabili, pesquisador da Fiocruz e que esteve nas reuniões. Os demais participantes falaram com a reportagem sob condição de anonimato
Segundo apurado pela reportagem, a prefeitura utilizou como argumento contra a medida o fato de não ter capacidade de fiscalizar o lockdown caso ele fosse implementado. O prefeito Duarte Nogueira participou da primeira reunião, mas deixou a segunda no meio, alegando compromisso particular. Ele recebe, hoje, o prêmio Gestor Municipal do Ano em fórum que acontece pela internet.
Reunião
Com a saída do prefeito, e depois do impasse, um grupo de pessoas favorável à medida foi até o Ministério Público, onde uma reunião, que ocorre neste momento, está sendo realizada com o promotor Sebastião Sérgio da Silveira. É possível que o MP entre no caso e exija, através de uma ação civil pública, o lockdown imediato na cidade.
Segundo Rodrigo, a complexidade da doença e a saturação de leitos de UTI exigem medidas duras como aconteceu em outras regiões do país e do mundo. “Mas essa ação só será efetiva se os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, sociedade civil e líderes de comunidades façam um pacto pela vida, mesmo que em período político eleitoral, conseguiremos vencer a doença se existir engajamento”, afirmou.
Procurada, a assessoria de imprensa da prefeitura afirmou que não há qualquer definição sobre o lockdown na cidade. O promotor Sebastião Sérgio da Silveira não foi localizado para comentar.