Além de stalker, tênis feminino já teve nº 1 esfaqueada por fã de rival

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A inglesa Emma Raducanu paralisou uma partida pelo WTA de Dubai após reconhecer um stalker na arquibancada, mas não foi a primeira tenista a viver um episódio intimidador durante uma partida. Em abril de 1993, a então número 1 do mundo Monica Seles foi esfaqueada por um fã de sua maior rival Steffi Graf.

Monica foi golpeada nas costas com uma faca de cozinha enquanto descansava no banco durante um dos intervalos da partida contra a búlgara Maggie Maleeva. A atleta disputava as quartas de final da Citizen Cup, torneio realizado em Hamburgo, na Alemanha.

A tenista, que estava de costas para a arquibancada, soltou um grito e andou cambaleando até o meio da quadra. O criminoso tinha deixado um corte de 1,5 cm de profundidade entre os ombros da atleta, nascida sérvia e naturalizada norte-americana.

Autor do crime, Gunter Parche era um grande fã de Steffi Graf, principal rival de Seles. Ele teria admitido que queria evitar que Monica Seles continuasse jogando em alto nível, para que assim Graf voltasse ao top 1 no ranking. À época, as duas tenistas se dividiam na elite do tênis feminino.

Parche tentou dar um segundo golpe em Seles, mas foi contido por torcedores e seguranças. A facada entre os ombros da tenista não atingiu nenhum órgão vital, mas resultou em problemas psicológicos que afastaram Seles das quadras por 28 meses.

“Eu só não tinha vontade. (…) Existia um problema que exame algum podia diagnosticar, a escuridão tomou conta da minha cabeça. Não importava como eu analisava a situação, eu não conseguia encontrar um lado positivo”, conta Seles em sua biografia, “Getting a Grip”.

Ao longo da carreira, Seles ganhou nove Grand Slams, mas oito deles foram conquistados antes do ataque. O título na Austrália, em 1996, foi o único após sua volta às quadras.

Seles ganhou pelo menos uma edição de três dos quatro maiores torneios do circuito. Foram quatro Opens da Austrália, três Roland Garros e dois US Open. Em Wimbledon, na Inglaterra, ela chegou à final em 1992 —perdendo, exatamente, para Graf.

O JULGAMENTO

O primeiro julgamento aconteceu cinco meses depois do crime. Apesar da confissão do acusado e das centenas de testemunhas, ele foi considerado culpado apenas de um crime semelhante a lesão corporal.

O laudo de um psiquiatra que questionou a capacidade mental do alemão, assim como a confissão do réu e sua “demonstração de remorso”, foi levado em conta.

Monica não compareceu ao julgamento, enviando apenas uma carta para representá-la. “Eu só quero justiça. Esse ataque causou um dano irreparável à minha vida e parou minha carreira. Ele não foi bem-sucedido na tentativa de me matar, mas destruiu a minha vida”.

Dezenove meses depois, um novo júri manteve a decisão do primeiro, afirmando que a negativa da tenista em testemunhar em tribunal era um fator determinante para a decisão. Depois de seis meses preso, o réu recebeu uma sentença de dois anos em liberdade condicional.

A WTA (Associação de Tênis Feminino), órgão regulador da categoria, condenou a postura da Justiça alemã, afirmando que a decisão passava “uma péssima mensagem”.

Parche viveu os últimos 14 anos de sua vida em uma casa de repouso. Ele morreu aos 68 anos, em 2022, de causas não divulgadas, de acordo com o jornal Bild.

Redação / Folhapress

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