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História da música “Escrito nas Estrelas”, no aniversário de Tetê Espíndola 

Hoje, no dia do aniversário de Tetê Espíndola, vamos conhecer a história da música “Escrito Nas Estrelas”, sucesso na voz da cantora, compositora e instrumentista. Mas antes, vamos relembrar um pouco de sua trajetória.

Sobre Tetê Espíndola

Nascida Terezinha Maria Miranda Espíndola,em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, Tetê Espíndola é considerada uma das mais belas e marcantes vozes nacionais. 

Ao longo de seus mais de 40 anos de carreira, ganhou inúmeros prêmios pelo seu trabalho voltado para a experimentação e recriação do universo ecológico brasileiro.

Vinda de uma família muito musical, Tetê e cinco dos seus seis irmãos enveredaram para a música Na infância, a artista gostava de ouvir música clássica e aos oito anos já apreciava os conjuntos paraguaios que tocavam nas rádios. 

Ouvia também The Beatles, Jovem Guarda, Janis Joplin e Bossa Nova, que marcaram sua adolescência. A mãe, o pai e os tios também eram artistas e influenciaram Tetê a seguir na carreira.

Em 1968, os irmãos Tetê, Geraldo, Celito, Sérgio e Alzira, com permissão dos pais, decidiram ganhar dinheiro e trabalhar no que gostavam e assim formaram o grupo LuzAzul e passaram a executar cantorias na estrada que liga Campo Grande a Cuiabá. E foi nos arredores de Mato Grosso do Sul, num local chamado Chapada dos Guimarães, cantando com os irmãos, de cidade em cidade, que Tetê se descobriu artista da voz.

Em 1976, Tetê Espíndola ganhou sua primeira craviola, um instrumento de doze cordas criado pelo cantor e instrumentista Paulinho Nogueira e que transita entre a música folclórica (viola caipira), de raiz, mais popular, e a música erudita (alaúde/cravo). Um híbrido de popular/caipira/erudito. 

A craviola convida para uma exploração mais livre que a do violão por ter um braço mais longo e pela sonoridade de suas cordas oitavadas. É um instrumento que proporciona aberturas inusitadas para a composição harmônica. Tetê vem se dedicando a compor nesse instrumento há mais de 40 anos.

Aos 14 anos, Tetê ganhou um festival de música em Campo Grande, com a canção “Sorriso”, cuja letra fora escrita pelo irmão. A partir de então, a então menina começou a pensar em seguir carreira em outros estados. Após anos cantando para o público de Campo Grande, em 1977 o Grupo LuzAzul decidiu ir para São Paulo tentar carreira profissional. 

Primeiro foram Celito e Tetê, que começaram a tocar em bares e boates. Os dois, vendo que estavam se consolidando, abriram espaço para os outros irmãos se transferirem de vez para a capital paulista.

Os irmãos fizeram então testes em diversas gravadoras e acabaram aprovados, fechando contrato com a Polygram/Phillips, e – a pedidos da própria gravadora – mudaram o nome para Tetê e o Lirio Selvagem, lançando assim seu primeiro álbum em 1978. 

Tetê Espindola durante o Festival dos Festivais, em 1985 | Foto: Reprodução.

Uma carreira de sucesso

No ano seguinte, o grupo se desfez e Tetê Espíndola lançou seu primeiro disco solo, “Piraretã, em 1980. Esse disco marcou o encontro dela com o paulistano Arrigo Barnabé. Tetê foi a primeira a gravar uma canção dele, “Tamarana”, em parceria com Paulo Barnabé. A partir daí, Tetê e os irmãos passam a seguir carreira solo, mas sempre participando um da trajetória do outro.

Em 1981, ao lado de Arrigo Barnabé, a cantora defendeu – no Festival MPB Shell-  a valsa “Londrina”, composta por Arrigo, que recebeu o prêmio de melhor arranjo por Cláudio Leal. 

Em 1982, entre muitas experimentações sonoras feitas em sessões com Stenio Mendes e Theophil Mayer (inclusive com exibição em um especial pela TV Cultura), surgiu o álbum de Tetê Espíndola “Pássaros na Garganta”, lançado pela gravadora, com uma estética do som batizada por Arrigo Barnabé de “sertanejo lisérgico”.

Em 1985, Tetê venceu o Festival dos Festivais da Rede Globo com a canção “Escrito nas Estrelas”, composição do marido Arnaldo Black com Carlos Rennó, sobre a qual conheceremos a história hoje. 

Em 1986, foi a vez do disco “Gaiola” e – no ano seguinte – Tetê Espíndola cantou, dublou e atuou no filme “Mônica e a Sereia do Rio”, de Maurício de Sousa, além de fazer uma participação no curta “Caramujo-Flor”, de Joel Pizzini, ao lado de Almir Sater, Aracy Balabanian, Ney Matogrosso e outros artistas de Mato Grosso do Sul.

Em 1988, Tetê Espíndola foi a representante brasileira no Festival The Concert Voice, em Roma, em sua primeira viagem internacional. Em 1989, ela cantou no New Morning (Paris) e no Festival de Jazz da Bélgica

Com uma bolsa da Fundação Vitae, em conjunto com Marta Catunda e Humberto Espíndola, foi à Amazônia em uma expedição em busca do “canto do uirapuru”. Lá, gravaram uma série de sons de pássaros, que depois de catalogados, com parte das experimentações musicais feitas por Tetê na Amazônia, gerou o disco “Ouvir/Birds”,em 1991.

Depois disso, Tetê lançou “Só Tetê” (1994) e “Canção do Amor” (1995). Em 1998, junto com a irmã Alzira, gravou o disco acústico só de canções regionais/tradicionais – “Anahí

A cantora e compositora Tetê Espíndola | Imagem: Divulgação

Em 2001, o disco “Vozvoixvoice”, trouxe o conceito de fazer da voz todos os instrumentos: baixo, bateria, guitarra e sopros. Em 2003, Tetê participou de dois projetos junto com a família: “Espíndola canta” e “O que virou”, e em 2005 lança o disco “Zencinema” só com canções de seu parceiro Arnaldo Black.

Em 2006, a artista realizou a expedição “Água dos Matos”, na região Centro Oeste, descendo de chalana os rios Cuiabá e Paraguai, oferecendo shows e oficinas gratuitas aos povos ribeirinhos, com diversos artistas. No mesmo ano e no ano seguinte, Tetê Espíndola participou de várias apresentações com a soprano Adélia Issa. 

Ainda em 2007 lançou o disco “E va por ar”, completamente produzido no Mato Grosso do Sul, desde a escolha de músicos à finalização do trabalho. Seu trabalho incorporou pesquisas realizadas com sons de pássaros, influência de temas regionais e fusões do acústico com o eletrônico.

Em 2014, lançou pelo selo SESC um álbum duplo, contendo a versão remasterizada do LP “Pássaros na Garganta” (1982) com o CD inédito “Asas do Etéreo” (2012), comemorando os 30 de “Pássaros na Garganta” um trabalho histórico, um ícone da MPB, sinônimo de vanguarda e prestígio, que deu a Tetê o prêmio da APCA como artista revelação. 

“Asas do Etéreo” traz composições inéditas e uma aventura multitonal e timbrística no encontro com importantes instrumentistas brasileiros e parceiros da trajetória musical de Tetê Espíndola, como Arrigo Barnabé, Jaques Morelenbaum, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Dani Black.

Em 2017, foi a vez do álbum “Outro Lugar” e – em 2019 – seu álbum mais recente, “Recuerdos”, pelo selo Sesc, em parceria com sua irmã Alzira E.

O disco conta com 13 faixas, com uma superprodução e direção artística, nas quais as irmãs interpretam e tocam canções que rememoram as origens caipiras do centro oeste do país. Além disso, a capa do disco – que conta com a participação do conterrâneo Ney Matogrosso – foi desenvolvida a partir do recorte de uma das telas do artista plástico Humberto Espíndola, irmão das cantoras. 

História da música “Escrito Nas Estrelas” 

Na voz de Tetê Espíndola, a canção “Escrito Nas Estrelas” – com letra composta por Carlos Rennó em cima da melodia de Arnaldo Black – venceu o Festival dos Festivais, da Rede Globo, em 1985, e tornou-se um grande hit.

A letra é uma declaração de amor. Curiosamente, foi a primeira vez que a cantora sul-mato-grossense interpretou uma canção de amor. Até então, já com três discos gravados, sua voz peculiarmente aguda – com uma extensão vocal impressionante – a levaria a cantar um repertório influenciado pelos ritmos paraguaios, concentrado em temas da natureza e que refletia a exuberância da região do Pantanal. 

A melodia de Arnaldo Black, tem uma primeira parte muito simples, em contraste com a segunda que se desenvolve sobre uma escala pentatônica, oferecendo alguma dificuldade a cantores que não alcançam uma região tão aguda como Tetê.

Ao inscrevê-la no festival, os autores chegaram a temer uma rejeição da censura, pois, na repetição da primeira parte, há um verso que diz, “pois sem você, meu tesão, não sei o que eu vou ser”. Embora já usada por Caetano Veloso (em “O Quereres”) e por Chico Buarque (em “Bye Bye, Brasil”), a palavra “tesão” não chamava a atenção nas duas canções, em razão de serem suas letras enormes, o que não era o caso de “Escrito nas Estrelas”. 

Além disso, os dois outros intérpretes são homens, e a palavra saída da boca de uma mulher ainda não era comum para a sociedade machista e patriarcal da época. Mas a censura não se manifestou e a composição pôde ser cantada por Tetê, numa forte e sensual apresentação. No final, ela conquistou o público com sua voz e sua interpretação consideradas não-convencionais, vencendo brilhantemente o Festival. 

Segundo Carlos Rennó, o título “Escrito nas Estrelas” foi inspirado por “It Was Written in the Stars”, canção escrita em 1939 – por Cole Porter – para o musical “Du Barry Was a Lady”.

Uma curiosidade: a família é toda muito musical. Carlos Rennó é pai da cantora e compositora Iara Rennó, fruto de seu relacionamento com a também cantora e compositora Alzira Espíndola, irmã de Tetê Espíndola. Tetê, por sua vez, é casada com Arnaldo Black – parceiro de Carlos nesta canção – e eles são pais do cantor e compositor Dani Black!

Sua outra filha, Patrícia é da área do cinema, tendo produzido e dirigido o curta-metragem “A Voz do Poço” (2013) que a partir das memórias de infância de sua mãe e dos seus tios, narra um fato sobre um poço de dentro do qual se ouvia uma voz chamando a avó Alba, mãe de Tetê. Além disso, há a presença da sincronia com a figura do boi — universo presente na casa dos irmãos Espíndola.

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