Mulheres na política: inclusão pode mudar o futuro da democracia

Há 93 anos da conquista do voto feminino, as mulheres formam apenas 18% da política no Brasil, segundo a ONU Mulheres.

Para Amanda Paschoal, mulher trans e vereadora por São Paulo, a sub-representação no meio é um dos grandes desafios: “Sendo a única mulher trans eleita na câmara torna mais uma vez o protagonismo político, um lugar de solidão. A gente vai trazendo por meio das trocas com os outros mandatos um fortalecimento para que a gente consiga uma coisa que é tão cara para todo mundo da sociedade brasileira hoje que é a saúde mental”, revelou a vereadora.

Inclusão política pode revolucionar a democracia

Para a antropóloga e escritora Lilia Schwarcz, a ausência das mulheres na política é uma questão de justiça de direitos: “Essas mulheres trarão uma pauta eminentemente feminina e no que diz respeito a problemas que nós, mulheres, sentimos nesse mundo. Gravidez, aborto, infância, cuidados. São muitos temas importantes que precisam fazer parte de uma agenda política. Mas eu acho também que a importância das mulheres não tem a ver com temas só femininos”, disse.

A antropóloga também analisou que a diversidade carrega consigo uma pluralidade de experiências, o que será para a nossa democracia.

Exemplos que mudaram o mundo

Ruanda, Cuba, México e Bolívia são exemplos de países que chegaram a paridade de gênero no poder, segundo a ONU. No México, por exemplo, o sistema de lista eleitoral é formado metade por homens e mulheres.

Já o Brasil ocupa a posição 133 no ranking da ONU composto por 190 países, uma colocação desafiadora.

Para Ana Carolina Quirino, Representante Interina de ONU Mulheres no Brasil, o mundo ainda está longe do ideal: O Brasil, ele ocupa a terceira pior posição das Américas, com 18% de participação. Mundialmente, temos menos de 10% das mulheres como chefe de governo. Temos poucos países com paridade, só 13 países e a maioria deles está na Europa. Aqui na América Latina e Europa temos os melhores os melhores percentuais”, exemplificou a especialista da ONU.

Ainda segundo Ana Carolina Quirino, é preciso investir nas políticas de ações afirmativas, como as cotas eleitorais. Esses mecanismos são os métodos que diversos países que já conseguiram alcançar a paridade encontraram para avançar esse tema.

De acordo com a plataforma de ação Pequim da ONU, o  ideal é termos 30% das mulheres em posição de poder e liderança para ter uma mudança na forma de fazer política no globo.

Projetos e ações como aliados da inclusão de mulheres

Há iniciativas que nascem para ajudar a converter o cenário. Como é o caso da “A Tenda das Candidatas”, co-fundado por Hannah Maruci: “Transferir conhecimento sobre campanhas eleitorais para as que mulheres conseguiam ocupar a política. A gente vê quantas mulheres estão buscando uma formação, quantas mulheres estão buscando essas ferramentas. A gente tem um resultado muito bom, lá no início a gente seleciona 10 mulheres, duas são eleitas, quatro atingem a suplência e depois ainda duas dessas quatro ainda assumem cadeiras”, contou Hannah Maruci.

Na avaliação de Milly Lacombe, escritora e jornalista, a evolução da sociedade conta com uma educação mais efetiva sobre a compreensão de gênero: A gente precisa de aliados que compreendam a dimensão dessa luta que as mulheres estão travando. A gente vai levar algum tempo, mas para conseguir um número que seja equiparado entre homens e mulheres. Precisamos de políticos que compreendam que o feminismo não é uma luta de homens contra mulheres, mas é uma luta para emancipar homens também. O que pode acontecer amanhã é a gente abrir a consciência”, avaliou Milly Lacombe.

E é justamente este passo que a jornalista Suzi Cavalari quer dar na vida pública ao tentar mais uma vez o cargo de vereadora: Por ser um ambiente majoritariamente masculino. É urgente a gente mudar isso. Ampliar a nossa representação para fortalecimento da democracia“, contou à reportagem.

Confira a reportagem completa:

Confira a série de reportagens completa em podcast: https://open.spotify.com/show/1d0nS6FI7Q3tbbiVgR2ULI?si=4bdaf902448541b0

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS