Pesquisador garante: enquanto vacina contra Covid-19 não está disponível, isolamento é o melhor remédio

Eduardo Barbosa Coelho, pesquisador envolvido no processo de testagem de vacinas em Ribeirão Preto, alerta que, por enquanto, o isolamento social é o único remédio.

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No Brasil existem várias pesquisas em andamento e Ribeirão Preto também está nesta luta. ”Vamos testar em Ribeirão, ela é experimental e o patrocinador é o Instituto Butantan, líder em produção de vacinas no Brasil. Se ela funcionar, ela vai dificultar que o vírus se espalhe e isto é muito importante” afirma o médico Eduardo Barbosa Coelho.

Coelho é nefrologista, professor de Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e pesquisador envolvido nos testes da vacina Coronavac, patrocinada e coordenada pelo Instituto Butantan, em Ribeirão Preto. Ele explica a importância da vacina para frear a disseminação da doença. “Estamos testando e temos expectativas de novos tratamentos tanto medicamentosos, farmacológicos ou vacinas, aparecerem nos próximos meses. As vacinas estão em estágio avançado de desenvolvimento, algumas em fase final de testes, entre elas uma que vamos testar em Ribeirão Preto e devemos iniciar os testes até o final do mês”, afirma.

Este teste não será apenas em Ribeirão. Ao todo, 12 cidades participam desta pesquisa e cerca de 9 mil pessoas serão testadas. A produção e os testes preliminares foram desenvolvidos na China. Foram testadas mais de 1000 pessoas e elas foram capazes de produzir anticorpos.

Embora muitos brasileiros tenham demonstrado interesse em serem voluntários na etapa de testagem, o pesquisador explica que os profissionais de saúde serão os voluntários. “Para fazer o teste precisa necessariamente testar a vacina em pessoas que tem mais chance de ficar doente. Hoje, as pessoas com mais risco de adoecer são as pessoas que lidam com os pacientes de Covid porque são estes profissionais que estão expostos a carga de vírus mais alta. Então são eles que vão participar dos estudos”, explica o pesquisador.

Se comprovada a eficácia da vacina, inicia-se uma nova etapa que é a produção e a definição dos grupos prioritários que devem receber a dose inicialmente. “A capacidade de produção da vacina é limitada. Não é possível, no momento, em nenhuma fábrica do mundo, produzir tantas doses quanto a gente precisa para imunizar a população do mundo”, alerta Coelho. Ainda assim, ele enaltece que o Instituto Butantan tem a tecnologia disponível para a produção e que a partir de outubro, já há uma verba disponível de 60 milhões de dólares, segundo anunciou recentemente o professor Dimas Covas.

Após a fabricação, a próxima etapa é definir como será a distribuição e os grupos de risco devem ser a prioridade. “Se tudo der certo, teremos a possibilidade de imunizar alguns grupos de risco que são os mais vulneráveis para a doença”, afirma Coelho.

“Se a vacina funcionar nestes testes, vamos poder disponibilizar para parte da população em um tempo relativamente curto. Ou seja, provavelmente para o ano que vem”, diz Eduardo Barbosa Coelho.

Mas embora otimista, ele alerta que a pandemia não será controlada de forma rápida. “Ela vai ser um tratamento a mais para a doença. Neste momento, a vacina assim como nenhum tipo de medicamento, vai resolver o problema da Covid como um passe de mágica”, comenta o pesquisador. Por isto, enquanto a vacina não estiver disponível, manter-se isolado é a única opção, garante. “A doença tem um tratamento que pode ser um remédio meio amargo, mas funciona. É o isolamento social. Este é o tratamento que mais funciona no momento para evitar que a Covid-19 se espalhe”, enfatiza o pesquisador.

Ele ainda faz um apelo: “Esperamos muito que a vacina funcione. Mas até lá, a gente vai precisar fazer o que o profissional da saúde tá falando. Protejam-se, fiquem em casa quando possível, evitem aglomeração. A gente precisa ajudar o pessoal da saúde a controlar a pandemia”.

Ribeirão Preto não está atendendo as expectativas em relação ao isolamento. A taxa de isolamento social ideal para a contenção do avanço da doença, segundo o Centro de Contingência da Covid-19 é de 70%. Mas nos últimos dias, a média na cidade foi de 44,2%. No sábado (11), a taxa de isolamento foi de 47% e assim, Ribeirão ocupou a 29ª posição no ranking do estado.

No boletim oficial divulgado ontem (12), Ribeirão Preto registra 7684 casos confirmados de Covid-19 e 227 óbitos.