“Há brasileiros encurralados nas regiões de conflito na Síria”, diz embaixador à Novabrasil

Em entrevista exclusiva ao Jornal Novabrasil, o embaixador do Brasil na Síria, André Luis Santos, relatou a situação atual no país, que enfrenta um dos conflitos mais sangrentos dos últimos anos. Segundo o diplomata, o principal foco de perigo no momento se encontra na área litorânea da Síria.

De acordo com André Santos, as províncias de Tartus e Latakia, localizadas no litoral sírio, são as mais afetadas. Essas áreas são predominantemente habitadas por membros da minoria alauíta, uma vertente do islamismo xiita, a mesma religião do ex-presidente Bashar Al-Assad.

“Essas províncias têm uma grande concentração de alauítas, e muitos deles são vistos como aliados ou apoiadores do antigo regime de Assad. No entanto, isso não é 100% preciso”, afirmou o embaixador. O conflito se dá entre forças armadas no atual governo contra combatentes alauítas.

Situação dos brasileiros na Síria: desafios e busca por segurança

O embaixador também destacou a situação dos brasileiros que estão na Síria, especialmente na região litorânea. Muitos estão impossibilitados de se deslocar para Damasco, a capital. A Embaixada do Brasil tem mantido contato diário com muitos desses brasileiros, que pedem nosso apoio para conseguir sair da Síria. Estamos ajudando-os a obter a documentação necessária para viajar para o Brasil ou outro país”, relatou.

Além disso, André Santos mencionou que a embaixada está trabalhando na elaboração de um plano de resgaste para garantir que os cidadãos brasileiros possam deixar a Síria em segurança. “Eles precisam de transporte seguro até a capital, de onde poderão seguir para o Líbano e, de lá, embarcar para o Brasil. Estamos aguardando que o governo sírio garanta a segurança nas estradas. No momento, as vias estão bloqueadas, e as pessoas não se sentem seguras para sair de casa”, explicou o embaixador.

Damasco: situação sob controle

Em Damasco, onde o embaixador se encontra, a situação é mais segura, mas o contexto no país continua instável. Atualmente, há cerca de 3 mil brasileiros vivendo na Síria.

Desde dezembro de 2024, o conflito na Síria tem se intensificado, com mais de mil civis mortos apenas na última semana. A Rede Síria para os Direitos Humanos reportou que, entre os 779 mortos, 383 foram assassinados por grupos armados leais a Assad, incluindo 172 integrantes das forças de segurança e 211 civis.

Entenda o conflito na Síria

O conflito na Síria se agravou após a queda do ditador Bashar Al-Assad, em dezembro de 2024, no auge de uma guerra civil que durou 13 anos e resultou em mais de 600 mil mortos.

O grupo islâmico HTS, com o apoio de várias facções, depôs Assad, e o líder do HTS, Ahmed al-Sharaa, assumiu a presidência. Desde então, a violência aumentou consideravelmente. Em 6 de março de 2025, o novo regime acusou grupos armados alauítas, leais a Assad, de realizar ataques contra as forças de segurança no litoral sírio.

Os alauítas são uma minoria xiita em um país majoritariamente sunita, e a família Assad tem fortes vínculos com esse grupo. O novo líder interino, Ahmad al-Sharaa, prometeu trabalhar pela igualdade política e representação das diversas comunidades étnicas e religiosas da Síria.

Relações Diplomáticas entre o Brasil e a Síria

Apesar do contexto de instabilidade, o Brasil mantém laços diplomáticos com a Síria desde 1945. Segundo o embaixador André Luis Santos, o Brasil ainda não reconheceu oficialmente o novo governo sírio.

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