RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Coreia do Sul se prepara para nova corrida presidencial após destituição de Yoon

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tão logo a Justiça da Coreia do Sul confirmou a destituição de Yoon Suk Yeol, 64, que tentou amordaçar a oposição em um autogolpe fracassado em dezembro, líderes de diferentes espectros políticos do país asiático se apressaram para ocupar qualquer possibilidade de vácuo no poder.

A nação se prepara para uma nova corrida presidencial a toque de caixa, cujo pleito deverá ocorrer até o começo de junho. E lida com um ambiente ainda tumultuado —a tentativa de autogolpe desencadeou a maior crise política em décadas na Coreia do Sul, e seus efeitos continuam mesmo após o impeachment de Yoon.

O atual líder nas pesquisas, com folga, é o opositor Lee Jae-myung, 61, do Partido Democrata, que em 2022 foi derrotado por Yoon com uma diferença de apenas 0,73 ponto percentual. Mas seu histórico tampouco é livre de controvérsias: no ano passado, ele foi considerado culpado de fazer declarações falsas durante a disputa, numa decisão posteriormente anulada por um tribunal de apelação.

O caso não está encerrado, entretanto, e Lee corre o risco de ser excluído da disputa. Ele ainda enfrenta outros julgamentos criminais, que incluem acusações de suborno e favorecimentos a empresários do ramo imobiliário, mas especialistas dizem acreditar que nenhum deles será resolvido em breve.

Logo após a decisão da Justiça que confirmou o impeachment, Lee, que é parlamentar, fez um discurso na Assembleia Nacional em tom de campanha. Disse que o país vive um novo começo e prometeu esforços por crescimento e desenvolvimento para que todos os coreanos vivam em um ambiente seguro e pacífico.

Lee foi um dos políticos que correu à Assembleia na noite de 3 de dezembro, quando Yoon declarou lei marcial pela primeira vez desde o fim da ditadura no país, em 1987. O texto suspendia atividades políticas e liberdades civis e levou militares às ruas de Seul, que chegaram a invadir o Parlamento, mas recuaram. A medida foi derrubada pelos parlamentares, que dias depois aprovaram o impeachment do presidente.

A destituição foi chancelada pela Justiça nesta sexta-feira (4). Segundo o Tribunal Constitucional, Yoon desrespeitou a Constituição, interferiu na independência do Judiciário e violou os direitos básicos dos sul-coreanos. Suas ações, disseram os juízes, representaram um risco à democracia.

O agora ex-presidente disse que o decreto foi necessário devido ao impasse político e ameaças de “forças antiestatais” simpáticas à Coreia do Norte. Essas declarações, segundo analistas, aprofundaram a divisão política em um país já polarizado. Nos últimos meses, multidões foram às ruas em manifestações contrárias e favoráveis à destituição de Yoon. Na sexta, 14 mil policiais foram mobilizados para coibir atos de violência após o pronunciamento do tribunal.

O opositor Lee é um sobrevivente da violência política. Em janeiro do ano passado, ele foi esfaqueado no pescoço enquanto respondia a perguntas de jornalistas e precisou passar por cirurgia. Não à toa, a confirmação do impeachment de Yoon tem sido descrita como necessária à ordem constitucional e fundamental à democracia.

Atrás de Lee nas pesquisas de intenção de voto aparece Han Dong-hoon, 51. Conservador, ele é do partido Poder do Povo, o mesmo de Yoon, mas não apoiou a lei marcial anunciada pelo então presidente.

Han é popular entre os eleitores conservadores moderados, mas enfrenta críticas dos apoiadores de Yoon, que o acusam de trair o próprio partido e de permitir o impeachment do presidente pela Assembleia Nacional.

Outra candidatura especulada é a do também conservador Kim Moon-soo, 73, atual ministro do Trabalho que criticou a prisão de Yoon e as audiências conduzidas pelo Tribunal Constitucional. Devido à idade mais avançada, porém, ele tem dito que não pretende concorrer —os nomes da disputa não foram oficializados.

Até as eleições, a Coreia do Sul será liderada por Han Duck-soo, primeiro-ministro que agora exerce a função de presidente interino. Em dezembro, ele próprio foi alvo de impeachment devido à recusa em nomear os três juízes que preencheriam as vagas do Tribunal Constitucional, mas o processo foi posteriormente anulado pela Justiça.

Segundo um porta-voz da comissão eleitoral do país, Han e o chefe da comissão concordaram que 3 de junho seria uma boa data para o pleito. A data, porém, não havia sido oficializada.

Até lá, a turbulência política deverá permanecer. Indiciado por insurreição, Yoon ainda enfrenta o risco de prisão perpétua ou até mesmo de pena de morte, caso seja considerado culpado, embora execuções não acontecem no país asiático há décadas. O agora ex-presidente também está proibido de viajar ao exterior.

*

ENTENDA A DERROCADA DE YOON

3.dez.24 – Presidente Yoon Suk Yeol anuncia lei marcial que suspende atividades políticas e liberdades civis; parlamentares derrubam medida horas depois

7.dez. – Yoon escapa da primeira tentativa de impeachment depois que os deputados de seu partido boicotaram a sessão

14.dez. – Em nova votação de impeachment, parlamentares aprovam a destituição de Yoon;

14.jan.25 – Yoon é preso após se recusar a prestar depoimento e colaborar com a investigação;

8.mar. – Ele deixa a prisão depois que um tribunal concluir que houve erros de procedimento ao longo de sua detenção;

3.abr – Tribunal Constitucional chancela destituição de Yoon e sepulta suas expectativas de retorno ao poder;

RENAN MARRA / Folhapress

COMPARTILHAR:

Mais do Colunista

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.