SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Piracanjuba, em parceria com a Associação Mães da Sé, anunciou a ampliação da campanha “Desaparecidos”, que utiliza IA (Inteligência Artificial) e arte digital para atualizar e divulgar o rosto de pessoas não localizadas em suas embalagens. Lançada em outubro de 2024, a nova etapa do projeto tem mais 50 fotos, além da participação de novos produtos e marcas do grupo, como a LeitBom.
As embalagens trazem, além da imagem atualizada, a idade estimada da pessoa, o local onde foi vista pela última vez e uma foto antiga para comparação. Quem reconhecer alguém pode entrar em contato com a Associação Mães da Sé por meio do site oficial da campanha.
As novas imagens também passarão a estampar as embalagens de leite em pó da Piracanjuba. Embora nenhuma das pessoas retratadas nas caixas tenha sido localizada até o momento, a fundadora da Mães da Sé, Ivanise Esperidião, diz que a campanha gerou um impacto positivo: desde seu lançamento, houve aumento de 30% no número de pedidos de ajuda à associação, o que resultou na localização de dez pessoas nos últimos meses.
Hidreley Diao, perito e especialista em projeção de idade, é o responsável pela criação das imagens da campanha. Mesmo diante dos avanços recentes da IA, Hidreley reforça que o processo exige mais do que apenas tecnologia.
“Os resultados feitos apenas com o ChatGPT não são realistas e estão longe de representar a verdadeira fisionomia da pessoa. Minha técnica continua baseada em estudo de envelhecimento aliado ao diálogo com familiares, o que permite alcançar um resultado muito mais fiel e convincente”, afirma.
“Hoje em dia, meu trabalho é totalmente voltado para as artes. Deixei para trás minha profissão de quase 20 anos como salgadeiro para me dedicar exclusivamente às progressões e restaurações de fotos”, conta.
A diretora de marketing do grupo Piracanjuba, Lisiane Campos diz que a ampliação da campanha busca alcançar um público ainda maior de pessoas que possam ter pistas de algum desaparecido.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, só em 2023 foram registrados 80.317 casos de desaparecimentos no país alta de 3,2% em relação ao ano anterior. Desses, 52.970 pessoas foram localizadas.
“Cada novo rosto nas caixas de leite representa uma esperança renovada para milhares de famílias que aguardam, com ansiedade e dor, o reencontro com seus entes queridos. É um exemplo inspirador de como a tecnologia pode ser usada a favor de uma causa tão urgente e humana”, diz Ivanise Esperidião.
Ela destaca, no entanto, um dos principais desafios enfrentados pela entidade: o grande número de trotes e relatos falsos. “Muitas vezes, as pessoas dizem que viram alguém desaparecido, mas não informam quem era nem o local exato. Isso dificulta o nosso trabalho e aumenta a esperança de pessoas que estão passando por um período de angústia”, afirma Ivanise.
“Fiquei muito feliz com a ampliação da campanha. Minha filha fez parte da primeira fase, e é um projeto que busca ajudar muitas pessoas. Temos grande expectativa de que essas pessoas possam ser encontradas ou que elas mesmas se reconheçam nos produtos”, diz Ivanise.
O QUE FAZER EM CASOS DE DESAPARECIMENTO?
A legislação brasileira não exige um prazo mínimo para comunicar o desaparecimento. O registro pode ser feito imediatamente após o desaparecimento, assim que houver sinais de que a pessoa não está onde deveria estar ou não retornou como o habitual.
Para facilitar a identificação, recomenda-se o envio de uma fotografia atual à Delegacia de Pessoas Desaparecidas. A imagem pode ser entregue presencialmente, enviada pela internet ou encaminhada por e-mail para: [email protected].
Se a pessoa for localizada, é obrigatório comunicar o fato à delegacia eletrônica, por meio da opção “Encontro de Pessoa”, para a atualização do registro.
JÚLIA GALVÃO / Folhapress
