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Europa propõe restringir concessão de asilo para cidadãos de sete países

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – A Comissão Europeia divulgou nesta quarta-feira (16) sua primeira “lista de países de origem seguros”. Cidadãos de Kosovo, Bangladesh, Colômbia, Egito, Índia, Marrocos e Tunísia enfrentarão processos de pedido de asilo mais dinâmicos e com menos possibilidade de aprovação.

A lista será um item antecipado do Pacto de Imigração e Asilo, que entra em vigor em junho de 2026. A legislação levou mais de uma década para ser aprovada e continua como item divisivo da agenda europeia. Países como a Alemanha, que está em mudança de governo, discutem se o mais apropriado é adotar medidas próprias ou esperar pela regulação padronizada da UE.

Fazer frente à ascensão da extrema direita e do discurso anti-imigração virou prioridade em Berlim, como no resto do continente.

O futuro primeiro-ministro, Friedrich Merz, prometeu fronteiras fechadas na campanha eleitoral e no discurso em que anunciou o acordo de coalizão com o SPD, do atual premiê, Olaf Scholz. Vizinhos como a Suíça, no entanto, afirmam que tomarão as medidas necessárias para garantir o livre trânsito, um princípio da UE.

Além da lista, Bruxelas propõe adiantar em um ano a adoção de outras duas regras: tornar automático que cidadãos de países com uma média inferior a 20% de sucesso em pedidos de asilo sejam submetidos a procedimentos rápidos nas fronteiras; conceder flexibilidade na designação de países de origem segura e de países terceiros, aqueles que podem receber solicitantes de asilo que forem recusados pelo bloco.

Segundo a Comissão Europeia, a ideia não é concorrer com os procedimentos já estabelecidos em algumas nações do bloco, mas completá-los. De acordo com Henna Virkkunen, vice-presidente da Comissão Europeia para Soberania Tecnológica, Segurança e Democracia, antecipar a legislação ajudará a “equipar os estados-membros com ferramentas adicionais para agilizar o processamento de asilo”.

As propostas precisam ser referendadas pelo Parlamento e pelo Conselho Europeus. Partidos de esquerda, em geral, se opuseram à legislação à época da votação, em 2024. Por outro lado, representantes da direita e da extrema direita a consideraram pouco rígida. O discurso populista contra a imigração desde então só recrudesceu, dominando debates eleitorais e provocando ações isoladas em diversos países.

A Hungria, do nacionalista Viktor Orbán, recusa solicitantes de asilo, que acabam sendo empurrados para países vizinhos. A Polônia instalou cercas na divisa com Belarus depois que o presidente Aleksandr Lukachenko , aliado de Vladimir Putin, incentivou a passagem de imigrantes vindos de fora da Europa após a invasão da Ucrânia. O primeiro-ministro Donald Tusk, premido também pela política interna polonesa, chegou a classificar a estratégia como um ataque híbrido russo.

Por outro lado, a Espanha, que enfrenta uma situação crítica nas Ilhas Canárias, a segunda rota mais utilizada neste ano por imigrantes vindos da África, aprovou no fim de 2024 uma série de alterações em sua legislação para facilitar a absorção de mão de obra estrangeira e integração.

Se as abordagens variam de país a país, parece consenso em Bruxelas que o problema precisa ser atacado. Lidando com um Parlamento Europeu mais conservador, Ursula von der Leyen tem feito acenos antes inimagináveis, como considerar interessante a ideia da Itália de instalar um centro de refugiados na Albânia.

Outro sinal do endurecimento da política imigratória do bloco está cada vez mais evidente nos dados da Frontex, a agência de controle de fronteiras na Europa. Segundo o último balanço, divulgado na semana passada, o números de travessias clandestinas visando o continente europeu caiu 31% no primeiro trimestre de 2025, confirmando tendência percebida no fim do ano passado.

De acordo com especialistas, muitos imigrantes estão sendo barrados em países como Líbia e Tunísia, que firmaram acordos de cooperação com a UE para barrar a ação de coiotes. Ativistas e organizações, como a Human Rights Watch, afirmam, porém, que o bloco estaria sendo leniente com abusos e violência que ocorrem contra os próprios imigrantes nesses países.

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress

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