RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Sedã estatal de luxo, carro que muda de cor e protagonismo chinês: como foi o Salão de Xangai 2025

XANGAI, CHINA (FOLHAPRESS) – “Da China, para a China.” O lema escolhido pela Volkswagen para descrever sua estratégia no maior mercado automotivo do mundo também poderia resumir o espírito de toda a edição 2025 do Salão do Automóvel de Xangai.

Menos preocupadas em apresentar suas apostas globais para os próximos anos, as montadoras presentes no evento focaram diretamente o consumidor chinês, com estratégias e produtos desenhados para o mercado local.

A edição 2025 do Salão de Xangai começou no último dia 25 de abril e vai até 2 de maio. Com 360 mil metros quadrados de área, o equivalente a cerca de 50 campos de futebol, o evento é considerado o maior salão automotivo do mundo, reunindo mais de mil expositores entre montadoras, fornecedores e startups.

Quem circula pelos imensos pavilhões nota rapidamente: as marcas chinesas são as protagonistas. Se anos atrás Volks, Mercedes e Toyota dominariam o evento, hoje as montadoras ocidentais estão presentes de forma mais tímida.

E as companhias locais não estão apenas ocupando espaço. A experiência de entrar em um carro chinês hoje é reparar na qualidade do acabamento interno, na suavidade com que as portas abrem e fecham e, principalmente, na sofisticação tecnológica.

A disputa de atenção no evento foi dominada pelos chamados NEVs (New Energy Vehicles), que incluem elétricos e híbridos. A contar pelos corredores lotados, a variedade de marcas nesse mercado é grande, incluindo desde companhias tradicionais a empresas que, há não muito tempo, fabricavam apenas smartphones.

O visual dos carros, porém, acaba se repetindo. Muitos modelos chineses, vistos de fora, lembram o Tesla Model Y, com perfil esportivo e design de faróis parecido.

A montadora de Elon Musk, aliás, não participa dos salões de automóvel na China desde 2021, quando foi alvo de um protesto. Sem marcar espaço no evento, a montadora americana também vem perdendo representatividade no mercado local. Após abocanhar 15% das vendas de elétricos na China em 2020, a Tesla viu sua participação no mercado recuar para 9% recentemente.

Na direção contrária, marcas chinesas vêm crescendo. Algumas já são conhecidas do público brasileiro, como BYD e GWM, donas dos maiores estandes do Salão de Xangai.

A BYD, por exemplo, apresentou cinco novos veículos da série Ocean, além do SUV de luxo U8L, de sua marca Yangwang.

O estande da Xiaomi também foi um dos mais movimentados do evento. A empresa de smartphones vem surpreendendo o setor com seus elétricos, e a estrela do ano foi a versão Ultra do esportivo SU7. O modelo, com mais de 1.500 cv de potência, foi lançado em outubro de 2024 e custa a partir de 530 mil yuans (R$ 413 mil).

O Grupo Chery também levou ao Salão o V23, de sua marca iCAR, feito em parceria com a Xiaomi. Com novas opções de cores, o jipinho elétrico ganhou até uma inusitada versão de pelúcia rosa para atrair o público. Na China, o modelo é vendido por cerca de 140 mil yuans (R$ 109 mil).

Entre as montadoras ocidentais, a BMW apostou em tecnologias para tentar se diferenciar no mercado chinês. Em apresentação a jornalistas, a empresa anunciou que começará a integrar a inteligência artificial da chinesa DeepSeek em seus novos modelos vendidos no país a partir de 2025.

A BMW também chamou atenção com o conceito i5 Flow Nostokana, um modelo equipado com tecnologia E Ink, semelhante à usada em leitores de e-book, capaz de mudar a cor da carroceria. Segundo a empresa, além do apelo visual, a solução pode ajudar na absorção de calor e luz, impactando no conforto e na eficiência energética dos veículos.

Outra alemã, a Volkswagen, apresentou três novos conceitos de elétricos desenvolvidos especialmente para o mercado chinês. Os modelos — batizados de Aura (sedã), Era (SUV) e Evo (crossover) — fazem parte da linha ID e reforçam a estratégia da montadora de tentar recuperar o espaço perdido na China.

Apesar dos esforços das marcas tradicionais, foram os veículos locais que dominaram a atenção do público. Protótipos futuristas, como carros voadores de diferentes tamanhos e formatos, chegaram a atrair visitantes, mas sem o mesmo impacto dos lançamentos “reais” focados em volume de vendas.

Entre os modelos mais extravagantes do evento, o sedã de luxo Hongqi Guo Li (antigo L5) se destacou. Inspirado na histórica limusine Hongqi CA770 —usada por líderes chineses e convidados estrangeiros desde a década de 1950—, o Guo Li é considerado o carro mais caro e luxuoso já fabricado na China, avaliado em cerca de 7 milhões de yuans (R$ 5,6 milhões).

A Hongqi (que significa “bandeira vermelha”) pertence ao grupo estatal FAW, a primeira montadora chinesa, fundada em 1956, ainda sob o governo Mao Zedong. O Guo Li impressiona pelo acabamento refinado — com detalhes de jade, ouro e pinturas feitas à mão —e pela imponência: são 5,98 metros de comprimento e motor 4.0 V8.

Mas no Salão de Xangai, a opulência de modelos como o Guo Li era a exceção. A regra eram carros populares, elétricos esportivos, SUVs, jipes e picapes de marcas chinesas que corriam para disputar um mercado que emplaca 23 milhões de veículos por ano.

THIAGO BETHÔNICO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Mais do Colunista

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.