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Parlamento confirma Merz como premiê da Alemanha, após fiasco na primeira votação

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – O líder conservador Friedrich Merz foi confirmado primeiro-ministro pelo Parlamento da Alemanha nesta terça-feira (6), horas após sofrer uma derrota histórica na primeira tentativa de chancelar a sua vitória nas eleições de fevereiro.

O fracasso anterior à segunda votação é inédito no período pós-guerra do país e um constrangimento para o homem que prometeu reavivar o crescimento econômico em um momento de turbulência global. Na primeira rodada, o Bundestag inesperadamente lhe deu 310 votos, seis a menos do que o necessário, apesar de sua coalizão de governo somar 328 parlamentares.

Em seguida, Merz conseguiu maioria absoluta, com 325 votos de um total de 630 deputados. A primeira votação, porém, expôs a fragilidade do acordo do conservador da aliança CDU/CSU com os sociais-democratas do SPD, partido do ainda primeiro-ministro, Olaf Scholz.

Após o fiasco, Merz, visivelmente chocado, levantou-se para conversar com colegas, e políticos passaram horas discutindo o caso. “Sem dúvida, esta é uma situação especial”, admitiu Jens Spahn, líder da CDU no Parlamento. “Toda a Europa, talvez o mundo inteiro esteja acompanhando esta eleição.”

A importância se deve à conjuntura política europeia. Após vencer as eleições legislativas de 23 de fevereiro, Merz, 69, passou a ser visto com esperança em uma Europa desorientada pela política diplomática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A aliança promete reativar o crescimento da economia alemã, que enfrenta seu terceiro ano de recessão em meio a uma guerra comercial desencadeada por Trump, e aumentar drasticamente os gastos com defesa, em um contexto de desconfiança dos EUA em relação à Otan.

“Toda a Europa olhou para Berlim hoje na esperança de que a Alemanha se reafirmasse como uma âncora de estabilidade e uma potência pró-europeia”, disse Jana Puglierin, chefe do escritório de Berlim do think tank Conselho Europeu de Relações Exteriores. “Essa esperança foi frustrada. Com consequências muito além das nossas fronteiras.”

Líderes dos principais órgãos da União Europeia comemoraram a eleição. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por exemplo, afirmou que “um amigo e especialista comprovado em Europa” havia sido eleito. “Trabalharemos juntos por uma Europa mais forte e competitiva”, escreveu no X.

O presidente da França, Emmanuel Macron, também parabenizou o político na rede social. “Cabe a nós acelerar nossa agenda europeia de soberania, segurança e competitividade. Para os franceses, para os alemães e para todos os europeus”, escreveu.

Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia e um dos mais interessados no fortalecimento da Otan, agradeceu o apoio da Alemanha na guerra contra a Rússia. “Esperamos sinceramente que a Alemanha se fortaleça ainda mais e que vejamos mais liderança alemã nos assuntos europeus e transatlânticos”, afirmou. “Isso é especialmente importante considerando que o futuro da Europa está em jogo —e dependerá da nossa unidade.”

Mesmo antes de ser nomeado, o político já enfrenta irritação de uma parte de seu eleitorado conservador, por flexibilizar ainda no Parlamento antigo o freio da dívida, a versão local do texto de gastos. A manobra encerrou décadas de austeridade fiscal, marca de Angela Merkel, sua nêmesis entre os democratas-cristãos. A Alemanha se prepara para gastos sem precedentes no setor de defesa e terá € 500 bilhões em dez anos para recuperar a defasada infraestrutura do país.

O único vencedor do desastre de terça-feira é a extremista AfD (Alternativa para a Alemanha), que ficou em segundo lugar em fevereiro e liderou algumas pesquisas recentes, afirma Manfred Guellner, pesquisador do Instituto Forsa de Pesquisa Social e Análise Estatística. “A confiança nas instituições políticas está ainda mais prejudicada”, diz ele.

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress

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