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Vítima de tiro de policial em Noronha nega assédio

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Dois dias após ter a perna atingida por um tiro disparado por um delegado da Polícia Civil de Pernambuco, o ambulante Emanuel Pedro Apory negou ter dado em cima da acompanhante do policial.

Discussão entre delegado e ambulante teria sido motivada por ciúmes. Testemunhas relataram que o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz ficou incomodado após o ambulante ter, supostamente, olhado para a mulher que o acompanhava na segunda-feira. O caso ocorreu em uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha (PE).

Ele nega ter assediado a mulher: “Eu vi muito na mídia me colocando como se eu fosse um tipo de abusador. Sendo que em momento nenhum lá no forte eu falei algo com ela [a mulher do policial], nem [com] ele [o delegado]. Eu vi, desde o começo, que ela estava acompanhada, então não falei um ‘oi’ sequer, com nenhum dos dois”, disse, em vídeo enviado à TV Globo.

Abordagem do delegado foi inesperada, diz o ambulante. “Eu até fiquei surpreso, pois eu já estava indo para casa. Fiquei surpreso quando do nada alguém me abordou e me virou em direção da árvore”, disse. “Eu até perguntei no vídeo: ‘O que eu fiz?’ Ele vira para mim e fala: ‘Você está me tirando desde cedo’. Eu respondi: ‘Não fiz nada para você’ e aí ele veio para cima de mim”, afirmou Apory no vídeo.

Autônomo mostrou a perna ferida nas imagens. “Olha a situação que eu me encontro agora, não consigo nem movimentar a perna”, disse no conteúdo enviado à imprensa.

Delegado foi ouvido no Recife, mas não ficou preso. A Corregedoria instaurou um procedimento preliminar para investigar a conduta do agente, informou em nota a SDS (Secretaria de Defesa Social) de Pernambuco.

Imagens mostram que o delegado espera em pé em uma área por Apory. Quando a vítima se aproxima, o agente vai até ele, o encurrala, aponta o dedo, coloca a mão no peito dele e o empurra. Na sequência, o ambulante parte para cima do delegado, que saca a arma e atira na perna da vítima. Após atirar, o delegado sai de cena. A vítima cai no chão, consegue se levantar e, mancando, foge do local.

Vítima está estável no em uma UTI no Recife. Ele foi levado para a capital após dar entrada no Hospital Lucas, em Noronha.

Associação defendeu o delegado. Segundo a Adeppe (Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco), Queiroz abordou o ambulante por causa do “comportamento reiterado de perseguição/importunação contra sua companheira”. O órgão alega que Apory, “mesmo ciente da condição funcional do delegado e do fato de ele portar arma de fogo, deu início a violentas agressões físicas, demonstrando a intenção de desarmar, o que configurava grave risco à integridade física do agente”.

Adeppe não comentou que o delegado abordou o ambulante de forma violenta antes de a vítima revidar. O órgão afirma que Queiroz foi alvo de uma “agressão injusta”, por isso ele reagiu “com um único disparo, com o objetivo de cessar a agressão e preservar vidas”. Ainda, afirma que o fato de o tiro ter sido na perna “demonstra o preparo técnico e o equilíbrio emocional do policial que agiu para neutralizar a ameaça com o menor dano possível, impedindo que sua arma fosse subtraída”.

Defesa de Queiroz replicou a posição da Adeppe. Para a associação, o delegado se identificou e recolheu a arma, “gesto que evidencia sua intenção de evitar qualquer confronto”.

Por meio de nota, o Forte Noronha disse “lamentar profundamente o ocorrido”. Ainda ressaltou que o delegado tinha “autorização legal para porte de arma de fogo” no local, e afirma ter prestado socorro à vítima e aos familiares de Apory.

Moradores de Fernando de Noronha protestaram contra a violência sofrida por Apory. Parte da população da ilha ateou fogo em pneus e madeiras na BR-363.

MÁRCIO PADRÃO / Folhapress

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