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Após ordem judicial, rua na França muda de nome por termo considerado racista e sexista

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após decisão judicial, a Câmara Municipal da cidade de Biarritz, no sudoeste da França, decidiu alterar o nome de uma de suas ruas. O local, anteriormente chamado Rue de la Négresse (rua da Negra), passou a se chamar Rue de l’Allégresse (rua da Alegria), por considerar-se que o nome anterior carregava conotações racistas e sexistas.

A decisão foi tomada após o Tribunal de Apelações de Bordeaux, em fevereiro, determinar que as autoridades de Biarritz deveriam mudar o nome da rua e do bairro, argumentando que ele violava “a dignidade das pessoas” ao perpetuar estereótipos raciais ofensivos. O processo foi iniciado em 2019, por iniciativa da associação Mémoires et Partages (Memórias e Partilhas), uma organização que trabalha para promover a preservação da memória histórica relacionada à colonização, à escravidão e às suas consequências nos dias de hoje.

Antes de recorrer à Justiça, a associação havia solicitado ao prefeito Maider Arosteguy, do partido conservador Republicanos, que revogasse as resoluções municipais de 1861 e 1986, que oficializaram o nome do bairro e da rua. O prefeito recusou-se a tomar tal medida, alegando o valor histórico associado ao nome tradicional. Diante da negativa, o grupo acionou o tribunal, que acabou determinando que o prefeito teria o prazo de três meses para anular oficialmente as resoluções e efetuar a mudança.

A Câmara Municipal decidiu renomear apenas a rua, mantendo o nome do bairro. Segundo o código geral das autarquias locais, o município é obrigado a mudar apenas os nomes das ruas, não de distritos.

A placa da rua será retirada e recolocada em outro local até o dia 16 de junho. Já os espaços públicos e restaurantes não serão obrigados a retirar o nome La Négresse, conforme instituiu o prefeito.

O caso agora segue para o Conselho de Estado. A associação, por sua vez, espera que o nome do bairro também seja alterado.

Embora não se saiba a origem exata do nome, historiadores afirmam que o bairro tenha sido batizado por soldados de Napoleão como referência a uma mulher negra, possivelmente uma ex-escravizada, que teria trabalhado em uma pousada local no século 19. Há também quem atribua a origem do termo à expressão do dialeto Gascon “lane gresse” (grama de pista), referindo-se ao solo argiloso encontrado nessa região.

No entanto, ativistas argumentavam que o nome perpetuava uma ligação com um “crime contra a humanidade” -a escravidão, que foi abolida na França e em suas colônias formalmente em 1848. O país teve uma participação significativa no comércio transatlântico de pessoas escravizadas.

Atualmente, Biarritz é conhecida por suas belas praias, que atraem surfistas de todo o mundo, e por seu status como destino turístico de luxo, popularizado nas décadas de 1950 e 1960 pela atriz francesa Brigitte Bardot e outras celebridades. No passado, Biarritz desempenhou um papel ativo no sistema colonial francês, sendo um dos portos envolvidos no comércio de escravizados.

Redação / Folhapress

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