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Mães educam filhas adolescentes contra pressão estética propagada nas redes sociais

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A pressão estética acompanha as mulheres em todas as fases da vida e, com as redes sociais, é praticamente impossível fugir das cobranças. Até o início dos anos 2000, a comparação estava mais restrita ao que era publicado em revistas e na televisão, mas, hoje em dia, a exposição ao que é esperado da aparência feminina está presente o dia inteiro ao acessar os celulares, principalmente para as meninas.

A psicóloga clínica Sophia Borges, especializada em atender adolescentes e jovens adultos, afirma que o ideal de beleza perpetuado nas redes sociais é pautado pelas mídias digitais, com influenciadores e publicidade. Esse movimento molda “a forma como adolescentes constroem sua identidade, muitas vezes de maneira rígida e prejudicial”.

A ode a um corpo idealizado, que há alguns anos era pautado pela boneca Barbie, hoje ganha vida com cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, como lipo LAD (lipoaspiração de alta definição), bioestimuladores de colágeno, toxina botulínica, ácido hialurônico e outros.

Esse cenário acaba depositando nos pais de adolescentes uma responsabilidade educativa que vai além de administrar o tempo de telas. Borges cita que quando os pais demonstram insatisfação com a própria aparência ou reforçam padrões estéticos rígidos, contribuem para que os filhos associem valor pessoal à aparência física.

A apresentadora Ticiane Pinheiro, 48, mãe de Rafaella Justus, 15, Manuella Tralli, 5, conta que ensina suas filhas, principalmente a mais velha, que está na adolescência, a valorizar quem são. “Fico espantada com o equilíbrio emocional e maturidade da Rafa, ela lida muito bem com tudo isso [a cobrança nas redes socias]. Mas, como mãe, estou sempre ali, de olho e de coração aberto, pronta para lembrar que ela tem em mim um porto seguro.”

Ticiane diz que Rafaella sempre foi muito vaidosa, desde pequena gostava de usar as maquiagens da mãe, e ela incentivava esses cuidados, contanto que houvesse um equilíbrio.

“Ensinei que a verdadeira beleza é estar confiante -quando a gente se sente bem por dentro, isso transparece em tudo.” Agora, a filha está na fase do skincare e passou a dar dicas para a mãe, tanto de pele quanto de maquiagem. “Ela é quem me ensina como fazer um bom contorno ou acertar no delineado.”

A apresentadora cita que sua mãe, Helô Pinheiro, 81, ensinou os valores que carrega. Desde cedo, aprendeu a importância do autocuidado e do amor próprio. Hoje, busca repassar esses mesmos princípios à Rafa, incentivando-a a cuidar de si sem perder a liberdade de ser autêntica.

“O mais bonito é ver que, assim como eu fui filha da ‘Garota de Ipanema’, ela agora, de certa maneira, é conhecida como minha filha –mas, aos poucos, vai construindo a própria luz. Isso é muito especial”, diz.

Yasmin de Sousa Menten, 34, assim como Ticiane, tem uma filha adolescente de 18 anos, Gabriella, e um menino, Leo, de 1 ano e 3 meses, e também tem aprendido muito com a filha.

“Aprendi mais com a minha filha do que ensinei.” Contorno, iluminador, pó compacto e a própria diferença entre produtos, foi a filha que ensinou como usar. “Espero que minha filha se sinta segura desde sempre”, completa. Ela afirma que deseja que Gabriella use o que quiser, mas entenda que não precisa de nada para ser bonita. “Que ela cuide de si com carinho, não por pressão, mas porque se ama.”

Yasmin associa a beleza ao bem-estar. “É se olhar no espelho e se gostar, se reconhecer. Eu demorei um pouco para me sentir bonita, mas hoje me entendo bem.” Ela sempre deixou claro para sua filha que a beleza não é uma obrigação. “Não precisa seguir padrão nenhum para ser bonita. O que faz a gente ser especial é justamente o que há de diferente e único em cada uma.”

Na era digital, o espelho se torna um algoritmo, a autoestima se resume a um like e a beleza ganha uma camada de filtros, o que torna a vida real bem diferente, já que não pode ser editada. Isso gera comparação constante e sentimentos de inadequação em adolescentes, especialmente meninas, prejudicando sua autoimagem.

A psicóloga clínica Sophia Borges explica que, nessa fase da vida, o cérebro ainda está em desenvolvimento e a busca por aceitação se intensifica. É nessa época que crenças negativas como “não sou boa o suficiente” podem se formar, afetando a autoestima e as relações sociais.

“As redes sociais podem ser cruéis, né? Sempre estive atenta e converso com ela [Rafaella] sobre isso. Ensinei a filtrar os comentários e a valorizar quem ela é de verdade”, afirma Ticiane Pinheiro.

Borges destaca que a exposição constante a imagens idealizadas reforça a tendência de supervalorizar falhas pessoais ou acreditar que a aceitação social depende da perfeição estética.

Além de educadores e familiares, as “figuras públicas também têm impacto nesse processo e podem utilizar sua visibilidade para promover aceitação e autenticidade, oferecendo modelos positivos e reforçando crenças saudáveis”, completa a especialista.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) pode também ser um caminho para ajudar adolescentes e pais nesse trabalho, diz a psicóloga.

A própria Rafaella Justus conta que sua vida sempre foi exposta, mas a mãe e a avó a ajudaram a manter os pés no chão. “Elas sempre me ensinaram a olhar para dentro antes de me comparar com o lado de fora. A lembrar que o que é verdadeiro não precisa de filtro, e que a opinião mais importante é a que a gente tem de nós mesmas.”

“Minha mãe sempre me mostrou que beleza tem a ver com autenticidade, e minha avó com delicadeza. Juntas, elas me ensinaram que a beleza mais forte é aquela que faz a gente se sentir bem na própria pele”, afirma.

RAÍSSA BASÍLIO / Folhapress

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