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Superávit dos EUA com Brasil aumentou no primeiro trimestre; entenda os motivos

PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos atingiram, em março, um déficit comercial histórico, de US$ 140,5 bilhões (R$ 801 bi), segundo dados do governo americano. Na contramão dessa tendência, o mês foi de superávit em relação a alguns países, incluindo o Brasil.

Em março, o BEA (sigla em inglês para Escritório de Análise Econômica do Departamento de Comércio) registrou um superávit de US$ 482 milhões (R$ 2,7 bi) com o Brasil.

Quando observado o trimestre encerrado em março, o superávit fica em cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,5 bi) –21% mais alto do que o superávit registrado no mesmo período do ano passado.

O Brasil é o 9° destino no ranking das exportações dos EUA e o 18º no das importações.

O aumento do déficit geral americano pode ser explicado pela corrida de empresas e consumidores para ampliar importações antes da vigência das tarifas do presidente Donald Trump.

O aumento trimestral do superávit com o Brasil, no entanto, tem outras causas. Uma delas, para o economista e professor da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), Marcelo Passos, pode ser o avanço da indústria no Brasil.

“Acredito que isso venha da importação de máquinas e motores não elétricos e derivados de petróleo. O PIB industrial cresceu nos anos retrasado e passado, e esse ano a tendência é manter esse crescimento, mesmo que um pouco menor do que em 2024. E, quando a indústria se recupera, ela precisa comprar mais desses produtos”, afirma Passos.

Segundo dados do governo brasileiro, máquinas e motores não elétricos e óleos combustíveis de petróleo representaram, juntos, 27% dos produtos importados dos EUA de janeiro a abril de 2025.

Nesse mesmo período, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostra que a importação de máquinas e motores não elétricos cresceu 37,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A volatilidade cambial, para Passos, também pode ter afetado a balança comercial entre os dois países. Um real mais valorizado em relação ao dólar, por exemplo, favorece as exportações dos EUA e reduz as importações.

Para o economista Rafael Perez, da Suno Research, a similaridade de commodities produzidas pelos dois países também explica o superávit estrutural americano. “Isso torna um pouco mais desafiador para o Brasil exportar itens para os Estados Unidos da mesma forma que é para a China, por exemplo. Então o Brasil acaba sendo mais um importador de vários itens de maior valor agregado.”

Holanda, Hong Kong, Reino Unido, Singapura e Arábia Saudita são outros parceiros comerciais que também fecharam o período em déficit com os EUA.

Perez acrescenta que esse aumento de importações no começo do ano pode afetar negativamente o PIB do Brasil no primeiro trimestre, que será divulgado no final do mês. No entanto, o economista afirma que os próximos meses podem trazer mudanças, e até uma balança comercial menos deficitária para o Brasil.

Os dados de abril do Mdic já mostram um aumento nas exportações do Brasil para os EUA. As vendas no mês somaram US$ 3,57 bilhões (R$ 20,52 bi) –uma alta de 21,9% na comparação com abril de 2024 e de 12% em relação ao mês anterior.

O diretor de Estatisticas e Estudos de Comercio Exterior da pasta, Herlon Brandao, afirmou que a alta nas vendas para os EUA possivelmente está relacionada com uma antecipação das importações pelos americanos pelo receio dos impactos do tarifaço.

Segundo ele, no entanto, ainda é cedo para identificar impactos estruturais das tarifas sobre a balança comercial do Brasil.

HELENA SCHUSTER / Folhapress

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